Deputados do Centrão “namoram” escondido com Aliança para eleição
O movimento, porém, ainda é discreto – ao menos até que saia a oficialização da nova sigla de Bolsonaro, a tempo de concorrer ao pleito
atualizado
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Com a proximidade das eleições de 2020 e na ânsia de emplacar aliados às Prefeituras, parlamentares do Centrão sinalizam interesse no novo partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, o Aliança pelo Brasil. Deputados do Podemos, do Cidadania, do PL, do PP, do PSD e do PSC não apenas foram ao lançamento da legenda na última quinta (21/11/2019), como já sondaram se uma possível migração seria possível, caso a sigla fosse oficializada – e concorresse ao pleito.
Parlamentares ouvidos pelo Metrópoles estimam que a bancada deve reunir entre 28 a 30 congressistas da ala bolsonarista do PSL, mas deve alcançar a casa dos 40 integrantes e deixar o antigo partido com um número ainda menor. Atualmente, o PSL é o segundo partido com maior representatividade na Casa, com 53 congressistas – atrás apenas do PT, com 54 deputados.
A estratégia do grupo de Centro, no entanto, é esperar pela formalização do Aliança pelo Brasil para depois publicizar a vontade de trocar de partido. O grupo paralelo cita, entre as “vantagens” que os atraíram para a legenda, o “liberalismo”, do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o conservadorismo nos costumes, outra bandeira defendida por Bolsonaro e sua cúpula.
“Agora é até prejudicial tornar a vontade pública, ainda não é certo que o partido vai conseguir ser formado para concorrer às eleições. No tempo certo, sem correr o risco de perder o mandato, vamos nos pronunciar”, disse um dos deputados do Centrão que procuraram colegas que querem se filiar ao partido mas pediu anonimato. O pedido tem sentido: ele pode ser punido pela legenda à qual é filiado por participar da criação de uma outra.
Os simpatizantes de Bolsonaro querem sair em disputa no pleito do ano que vem nas principais capitais pela nova sigla. A ideia é contar com o apoio do mandatário do Planalto nas eleições e ampliar a adesão ao governo pelo país. Mas o desafio será grande: o grupo terá que apresentar 491.967 assinaturas, colhidas em nove estados brasileiros, com ao menos 54.663 rubricas em cada um.
A corrida será contra o relógio, uma vez que o registro tem que ser aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 4 de abril para que a legenda possa concorrer ao pleito. Apesar de se posicionar contrário ao sistema eletrônico para votações, Bolsonaro tem pressionado a Corte para conseguir que as assinatura sejam eletrônicas, por meio de biometria, em vez de físicas – modelo atual estipulado pela legislação.
A expectativa dos bolsonaristas do PSL é que o TSE decida favoravelmente nesta terça-feira (26/11/2019) à essa possibilidade. Para mobilizar o maior número de pessoas pela causa, o grupo estuda subir uma hashtag a favor das assinaturas eletrônicas. Acredita que assim o Aliança pelo Brasil terá mais chances de concorrer às eleições.
No Senado
Mesmo com a recente crise no PSL, o movimento que pode ocorrer no Senado é diferente do que agitou a Câmara nos últimos meses. A perspectiva é que o partido não seja muito desidratado na Casa. Nos corredores, há senadores de outros partidos, como do Podemos, que cogitam a transferência de siglas.
O motivo pelo interesse na ex-legenda de Bolsonaro é, justamente, o fato de que o filho 01 do clã, Flávio Bolsonaro, pediu a desfiliação da legenda e abriu caminho para que outros senadores possam integrar a sigla comandada pelo pernambucano Luciano Bivar. Mas todas as conversas ainda são informais.
Aliança pelo Brasil
O número que o partido de Jair Boslonaro está criando para levar seus candidatos às urnas é o 38. “O número escolhido é o número 38. Acho que é um bom número, não é? Tínhamos poucas opções, eu acho que o número 38 é mais fácil de gravar”, disse o presidente em sua live semanal na última quinta-feira.
Apesar de o número ser o mesmo do famoso calibre de arma de fogo, Bolsonaro não fez nenhuma ligação direta entre o número e a possível inspiração.
No lançamento do partido, a advogada Karina Kufa, que será a tesoureira da sigla, citou os princípios do Aliança, que deverá ser “conservador, comprometido com a liberdade e a ordem, soberanista e de oposição às falsas premissas do globalismo”. Além disso, terá respeito a Deus e à religião; respeito à memória e à cultura do povo brasileiro; defesa da vida e do posse de armas.