Deputados criticam Bolsonaro: “Não se mata miséria dando fuzil de comer”
Declaração do presidente irritou deputados da esquerda e da direita, que criticaram a postura diante do cenário atual do Brasil
atualizado
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A declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendendo, nesta sexta-feira (27/8), que a população compre fuzis, em meio ao cenário de crise institucional, pandemia de Covid-19, alta do desemprego e da inflação, uniu parlamentares da esquerda e da direita em críticas.
A apoiadores, Bolsonaro sugeriu que todos deveriam comprar fuzil e repetiu que “o povo armado jamais será escravizado”. “Eu sei que custa caro. Daí tem um idiota que diz: ‘Ah, tem que comprar feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, disse o chefe do Executivo na saída do Palácio da Alvorada.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), destacou que o Brasil tem 15 milhões de desempregados, inflação de 30% na cesta básica, gasolina, energia e gás de cozinha com preços altos. “Tem que ser muito irresponsável pra falar de fuzil pra quem não tem feijão!”, afirmou.
Tem que ser muito irresponsável pra falar de fuzil pra quem não tem feijão!
— Marcelo Ramos (@marceloramosam) August 27, 2021
O líder do PSDB na Câmara, Rodrigo de Castro (MG), destacou que os problemas reais do Brasil não podem ser resolvidos à bala. “Quem sugere que os brasileiros comprem fuzis, esquece que os problemas reais do país – pandemia, desemprego, crise hídrica, inflação alta – não podem ser resolvidos à bala. Mas, com tranquilidade institucional, união de forças e muito trabalho”.
“Bolsonaro nunca se importou com os mais pobres. A cada declaração isso fica mais evidente. Ao invés de falar para os seguidores comprarem fuzil, deveria ir em um mercado e ver o que as pessoas estão passando. Genocida!”, disse a líder do PSol na Câmara, Talíria Petrone (RJ).
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) reproduziu a declaração de Bolsonaro no Twitter e perguntou: “Quem você acha que disse isso, um miliciano ou o presidente da República?”. Em outra publicação, o parlamentar criticou: “O brasileiro passando fome na fila do osso e Bolsonaro falando em comprar fuzil. É um canalha”.
“Daí tem um idiota que diz ‘ah, tem que comprar feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco.”
Quem você acha que disse isso, um miliciano ou o presidente da República?
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) August 27, 2021
“O povo brasileiro tem fome e quer arroz, feijão, carne, gás. Não se mata a miséria dando fuzil de comer”, ironizou o deputado Alexandre Padilha (PT-SP).