Deputados cobram posição de Maia contra anistia ao caixa 2
Após a entrega da lista de Janot, baseada nas delações da Odebrecht, a decisão sobre caixa 2 é fundamental nos julgamentos das denúncias
atualizado
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Deputados cobraram nesta terça-feira (14/3) que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se posicione contra a votação de um projeto de anistia à prática de caixa 2. Maia foi questionado sobre o assunto tanto em plenário quanto durante reunião de líderes da Casa.
O debate sobre o tema ganhou força no dia em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a nova lista de pedidos de abertura de inquéritos da Operação Lava Jato, com base nas delações da Odebrecht.
“Quem fala pela Casa é Vossa Excelência. Convoque uma entrevista coletiva, e diga: ‘Enquanto eu for presidente desta Casa, eu não vou pautar esse projeto'”, sugeriu, da tribuna, o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE).
Costa afirmou que Maia estava sendo um bom presidente da Câmara, mas que precisava deixar claro para a sociedade de que os deputados não iriam fazer essa “patifaria”. Ao final da fala do parlamentar, Maia limitou-se a agradecer os elogios.
O líder do PSOL, deputado Glauber Braga (RJ), também afirmou que questionou Maia durante uma reunião e que ele teria dado respostas evasivas sobre o assunto. Segundo o deputado, o presidente da Câmara afirmou que essa pergunta deveria ser feita ao relator da comissão que debate Reforma Política, o deputado Vicente Cândido (PT-SP), mas que não havia previsão para que o tema fosse votado nas próximas duas semanas.Na semana passada, Maia defendeu que o debate sobre a anistia ao caixa 2 deveria ser feito de maneira “transparente”, para que fique claro para a população o que o Congresso está discutindo.
Por enquanto, porém, não há nenhum deputado que tenha tido coragem de assumir a autoria do texto com a proposta de anistia. Há a possibilidade de que a medida seja debatida na comissão da Reforma Política ou que seja incluída no projeto de lei que retira poder de fiscalização e de punição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação aos partidos políticos.
No ano passado, houve ao menos duas tentativas de votar um texto para anistiar o chamado caixa 2, que são doações de campanha não contabilizadas e não declaradas à Justiça Eleitoral. O grande objetivo dos parlamentares, porém, é estabelecer um perdão para quem recebeu dinheiro de maneira ilícita, como tem sido revelado pelas investigações da Lava Jato. Essa articulação voltou a ganhar força após o senador Valdir Raupp (PDMB-RO) virar réu no Supremo por ter recebido dinheiro de suposta propina em doação registrada na Justiça Eleitoral.