Deputados avaliam convocação após Moro recusar convite da Câmara
Audiência estava marcada para esta quarta (26/06/2019), mas o ministro da Justiça declinou por motivo de viagem
atualizado
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Diante da recusa do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, em comparecer nesta semana à audiência conjunta na Câmara, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Helder Salomão (PT-ES), avalia a possibilidade de votar, na próxima quarta-feira (26/06/2019), um requerimento de convocação do ex-juiz. Os parlamentares querem ouvi-lo sobre os diálogos vazados pelo site The Intercept Brasil.
Para Salomão, ao não atender o convite feito pelas comissões de Direitos Humanos, de Constituição e Justiça (CCJ) e de Segurança Pública, o ministro faltou com respeito ao Parlamento. Caso seja aprovado o requerimento, Moro será obrigado a comparecer, sob risco de cometer crime de responsabilidade.
“A princípio, votaríamos a convocação do ministro, mas houve um acordo para que fizéssemos um convite para a audiência a ser realizada de forma conjunta pelas três comissões. Agora, fomos surpreendidos com a notícia de que ele não vem, sem que apontasse uma nova data. Considero um desrespeito com todos que aceitaram o acordo”, observou o congressista.
Moro alegou estar em viagem aos Estados Unidos e, por isso, não será possível comparecer à audiência, marcada para esta quarta-feira (26/06/2019). De acordo com a assessoria do ministro, o ex-magistrado da Lava Jato ainda apontará nova data para prestar esclarecimentos aos deputados.
A possibilidade de convocação do ministro também será avaliada em reunião da Oposição, marcada para a tarde desta terça-feira (25/06/2019). Nesta semana, parlamentares também ouvirão explicações do diretor do site The Intercept, Glenn Greenwald, responsável pela divulgação de supostos diálogos entre o ex-juiz e membros da força-tarefa da Lava Jato. As conversas apontam possível colaboração entre os envolvidos.
Dispensável
Nesta segunda-feira (24/06/2019), a líder do governo no Congresso Nacional, Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que a presença no ministro Sergio Moro na CCJ é “dispensável”, pelo fato de ex-juiz da Lava Jato já ter ido ao Senado anteriormente, onde foi questionado sobre o vazamento de mensagens entre ele e procuradores da Força-Tarefa da operação.
“Do ponto de vista do cuidado com o tempo e com o trabalho do ministro, acho que vai ser dispensável. Ele já respondeu tudo que tinha que responder, mas o Parlamento é o Parlamento. Se o Congresso quer que ele vá e faça essa participação, o ministro vai cumprir as honras”, afirmou Joice.
A deputada disse que não conversou com o ministro sobre o assunto, mas que espera apaziguar a relação do ex-juiz com o Congresso Nacional.
“A gente tinha feito uma estratégia para que ele não fosse convidado. Eu não falei com o Moro a respeito disso ainda, mas vamos ver se a gente consegue apaziguar um pouquinho e transformar essa convocação em convite de novo. Ele foi sabatinado durante oito horas no Senado, então eu duvido que alguém tenha deixado de passar alguma pergunta. Vai ser mais do mesmo”, completou.
Na avaliação do vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), no entanto, como o ministro tinha feito um compromisso com os parlamentares de ir até o Congresso prestar esclarecimentos, o cancelamento acirra ainda mais os ânimos. “Ministro Sérgio Moro terá que ir à Câmara dos Deputados prestar esclarecimentos. Convites já aprovados em Comissões podem ser transformados em convocação caso ele insista em não marcar a data de comparecimento”, destacou Jerry em seu Twitter.