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Deputados atacam Previdência e Guedes ironiza: “Venezuela está melhor”

Na reunião com a CCJ, o ministro reafirmou que o sistema previdenciário brasileiro é “perverso”

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Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Guedes na CCJ
1 de 1 Guedes na CCJ - Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Em audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, nesta quarta-feira (3/4), para detalhar pontos da reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem recorrido a ironias em alguns embates com os parlamentares.

“Se vocês quiserem, embarquem seus filhos no avião que vocês estão. Vão acabar como no Rio de Janeiro, como no Rio Grande do Norte, vão acabar como em Goiás, vão acabar como Minas Gerais. Nós estamos nos aproximando perigosamente…”. Deputados na plateia gritaram “Chile”, antes que o ministro completasse a fala. Guedes reagiu: “Acho que a Venezuela está melhor”.

Em determinado momento, o ministro defendeu que os cortes são necessários “seja onde for” e se referiu à questão das grandes fortunas, não tratada na reforma da Previdência, e sim em uma possível reforma Tributária.

Deputados chegaram a se manifestar, interrompendo Guedes e citando o Benefício de Prestação Continuada, o BPC, cujas modificações constam no atual projeto do governo. Guedes retomou sua fala, reclamando da interrupção.

“Se eu puder falar, será interessante. Se eu não puder falar, eu espero”, declarou. “Os senhores foram eleitos para discutir isso aqui, não tem nada errado, está tudo certo”, disse o ministro, que prosseguiu, dirigindo-se diretamente aos parlamentares.

“Vocês querem que a Previdência seja uma fábrica de desigualdades. Hoje ela é uma fábrica de desigualdades”, ressaltou Guedes. A partir desse momento, começou um bate-boca na comissão.

Foi quando Paulo Guedes chegou a citar estados em falência, como o Rio de Janeiro e Minas Gerais, e contra-atacou a uma nova interrupção, citando a Venezuela.

O primeiro bate-boca só teve fim com a interferência do presidente da comissão, Felipe Francishini (PSL-PR). O ministro, ao retomar sua fala, continuou com ironias. “Cometi um erro sério ao responder à deputada Gleisi [Gleisi Hoffomannn, presidente do PT]. Me aconselharam a não reagir. Mas eu quis ser atencioso”, disse o ministro.

“Eu sou muito respeitoso. Os senhores têm muita familiaridade com esse ambiente e eu, não. Cometi o erro de interagir, eu deveria só ter falado”, disse Guedes.

Condenação
Na reunião com a CCJ, que teve início às 14h, o ministro reafirmou que o sistema previdenciário brasileiro é “perverso” e uma “fábrica de desigualdades”.

“Financiar a aposentadoria do trabalhador idoso desempregando trabalhadores é, na minha opinião, uma forma perversa de financiar o sistema. Você cobrar encargos trabalhistas sobre a mão de obra, sobre a folha de pagamentos, é uma condenação”, declarou Guedes.

O ministro da Economia chegou à CCJ acompanhado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o recebeu, primeiramente, no gabinete da Presidência da Casa. A princípio, Maia não permaneceu na comissão, mas o gesto de acompanhar Guedes até o local pode ser entendido como um apoio à proposta apresentada pelo governo. Logo depois, ele retornou e sentou-se à mesa da CCJ ao lado de Francischini.

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