Deputado bolsonarista pedirá ao Conselho de Ética investigação de Ricardo Barros
Bolsonarista, Cezinha de Madureira (PSD-SP) é relator da apuração preliminar envolvendo o líder do governo nas negociações de vacinas
atualizado
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O deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP) apresentará ao Conselho de Ética da Câmara um parecer pela admissibilidade da investigação sobre a conduta do líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), nas negociações de vacinas junto ao Ministério da Saúde.
Em uma representação contra Barros, apresentada pelo PSol, o líder do governo é apontado como peça fundamental para o acordo firmado pela pasta com o objetivo de adquirir imunizantes Covaxin com preços superfaturados.
A denúncia aponta que Barros “participou diretamente ou por interpostas pessoas, do começo, do meio e do fim de um processo bilionário eivado de suspeitas e ilegalidades”.
Madureira é atual presidente da bancada evangélica na Câmara e aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele chegou a participar, em julho, de uma motociata promovida pelo presidente, em São Paulo, onde foi na garupa de Bolsonaro.
Embora não fale abertamente sobre o assunto, Madureira, segundo pessoas próximas, teria encontrado robustez nos indícios apresentados contra o líder do governo.
O nome de Barros foi citado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) como envolvido no suposto esquema de superfaturamento no contrato de compra da vacina indiana Covaxin por meio de intermediários. O caso está sob investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, do Senado, que investiga as ações e omissões do governo federal durante a pandemia.
Segundo Miranda, o próprio presidente Jair Bolsonaro o teria informado que o esquema era articulado na pasta por Barros.
Prazos
O prazo para a apresentação dos relatórios preliminares termina na noite desta quinta-feira (9/9). O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Paulo Azi (DEM-BA), informou que pretende marcar para a próxima semana a leitura dos pareceres.
A partir da admissibilidade da investigação, o Conselho tem três meses para apurar se houve, por parte do parlamentar, a quebra de decoro. Nesse tempo, o colegiado abre prazo para manifestação da defesa, e poderá fazer diligências e ouvir testemunhas.
Nesta fase da investigação, um novo relatório será produzido para ser votado. Só assim os deputados decidirão se o parlamentar investigado quebrou ou não o decoro, além de definirem penas a serem aplicadas, que vão de uma simples advertência até a cassação do mandato.
Outros investigados
Além de Barros, também são alvo de investigações preliminares o deputado Luís Miranda, denunciado pelo PTB, e o deputado Diego Garcia (Podemos-PR).
Miranda é acusado pelo partido de Roberto Jefferson (RJ) de agir de má-fé ao denunciar “um suposto crime cometido por agente do Estado, apontando suposto superfaturamento a fim de prejudicar a imagem e imputar crime ao presidente da República e ao Ministro da Saúde à época, o general Eduardo Pazuello”.
O PTB, que pede a cassação do mandato do deputado do DF, alega que, ao apontar erros na primeira fatura apresentada pela empresa que intermediou o negócio de compra da vacina Covaxin, Miranda desconsiderou que, dias depois, o documento foi corrigido.
Já o deputado Diego Garcia é acusado de quebrar o decoro ao avançar sobre a mesa diretora dos trabalhos e agredir fisicamente o presidente do colegiado, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), durante audiência na comissão especial que discute a liberação do plantio de cannabis para uso medicinal, industrial e comercial no país.