Depoimento de lobista traz Eduardo Cunha de volta aos holofotes
O processo no Conselho de Ética da Câmara – que completou nesta segunda 90 dias úteis sem um desfecho – volta a andar nesta tarde com o depoimento do lobista Fernando Baiano
atualizado
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Passado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, deputados voltam nesta terça-feira (26/4), o foco ao processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética. O processo – que completou nesta segunda 90 dias úteis sem um desfecho – volta a andar nesta tarde com o depoimento do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
Delator de Cunha nas investigações da Operação Lava Jato, Baiano cumpre prisão domiciliar desde meados de novembro passado e vem a Brasília acompanhado do advogado. A viagem foi custeada de última hora pela Câmara. O início do depoimento está marcado para as 14h.
Prisão
O lobista foi preso em dezembro de 2014 e condenado pelo juiz Sérgio Moro a 16 anos, um mês e dez dias de reclusão, por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a sentença, o operador teria intermediado propina de US$ 15 milhões sobre contratos de navios-sonda. Os valores teriam sido repassados à diretoria da Área Internacional da Petrobras, ocupada na época por Nestor Cerveró – também preso e condenado na Lava Jato.
Veio de um depoimento do lobista Julio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, a informação de que Baiano havia revelado que estava sendo pressionado por Cunha para pagamento de propina. Os valores teriam saído de compras de navios-sonda. Segundo relato de Júlio Camargo, o peemedebista exigia US$ 5 milhões.
Na Câmara, Cunha é alvo de representação do PSOL e da Rede por ter supostamente mentido à CPI da Petrobras. Em depoimento voluntário no ano passado, o peemedebista negou que tivesse contas ocultas no exterior. O Banco Central e a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmam que o deputado tinha contas não declaradas fora do País. A expectativa dos conselheiros nesta terça é que Baiano confirme que os valores encontrados na Suíça eram fruto do esquema de corrupção na Petrobras, o que reforçaria o pedido de cassação do mandato parlamentar de Cunha.