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Denúncia contra Temer dá força à nova onda de pressão no PSDB

o presidente não deverá ter o apoio em bloco da legenda na votação da admissibilidade de denúncia no plenário da Câmara dos Deputados

atualizado

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1 de 1 câmara dos deputados plenário - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB) na segunda-feira (26/6), ao Supremo Tribunal Federal (STF), reforçou o movimento de parte da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados pelo desembarque do partido do governo.

Apesar do esforço do Palácio do Planalto para manter os tucanos, que comandam quatro ministérios, ao seu lado, o presidente não deverá ter o apoio em bloco da legenda na votação da admissibilidade de denúncia no plenário da Câmara.

Para ser aprovada, a solicitação para a instauração do processo precisa do apoio de 342 dos 513 deputados da Casa. Se ficar admitida a acusação, após a aprovação do parecer, será autorizada a instauração do processo no Supremo.

A reportagem ouviu 31 dos 46 integrantes da bancada do PSDB. Destes, 15 afirmaram que votarão pela admissibilidade da denúncia, sete contra e nove se disseram indecisos ou não quiseram opinar. Parte desse grupo prefere manter o posicionamento em sigilo por ora, mas muitos já falam abertamente.

“Vou votar favoravelmente. Não cabe à Câmara dos Deputados impedir a admissibilidade (da denúncia). O PSDB precisa de uma atitude independente em relação ao governo Temer”, afirmou o deputado Eduardo Barbosa (MG).

Dos sete tucanos que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde ocorrerá a primeira etapa do processo, pelo menos cinco tendem a votar contra o governo.

Consulta
O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), disse que avisou a cúpula do partido que irá consultar a bancada e votará com a maioria. A interlocutores, porém, ele sinalizou que não pretende articular nenhum movimento em defesa do Planalto.

Aliado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o deputado Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB, reconheceu que o ambiente mudou desde a reunião ampliada da executiva tucana no dia 12, que decidiu pela permanência no governo (mais informações nesta página).

Tempo
Em caráter reservado, até mesmo os mais conhecidos defensores de Temer na bancada declararam que o desembarque do partido da base do governo é uma “questão de tempo”.

A mudança de discurso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou a defender a renúncia de Temer, enfraqueceu o discurso dos tucanos mais alinhados com o Planalto.

O PSDB comanda, atualmente, quatro pastas na Esplanada dos Ministérios: Cidades (Bruno Araújo), Relações Exteriores (Aloysio Nunes Ferreira), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy).

Destes, Imbassahy e Nunes são os mais engajados em manter o PSDB no governo. O presidente licenciado do PSDB, senador afastado Aécio Neves (MG), também faz parte do grupo que pressiona o partido para permanecer ao lado de Temer.

Carta
Essa ala “pró-permanência” no governo não tem ainda o reforço do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico do PSDB que é presidido pelo suplente de senador e ex-secretário estadual José Aníbal (SP).

Em uma “carta de formulação e mobilização política” divulgada ontem, o instituto disse que a eventual queda de Temer atende “às preces dos narradores do petismo”.

O mesmo documento faz coro com a defesa de Temer e afirma que não há, pelo menos por ora, “uma prova inconteste, uma evidência acachapante ou um depoimento irrefutável que leve a uma condenação inequívoca”.

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