Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato, pede exoneração do MPF
O futuro do ex-procurador deve ser a carreira política ao lado do colega ex-juiz Sergio Moro, que irá se filiar ao Podemos
atualizado
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O procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato, que investigou desvios de recursos públicos na Petrobras, pediu exoneração do Ministério Público Federal (MPF).
Nesta quinta-feira (4/11), Dallagnol divulgou em suas redes sociais um vídeo em que anuncia a saída do cargo e explica os motivos que o levaram a tomar a decisão.
“Eu posso fazer mais pelo país fora do Ministério Público, lutando com mais liberdade pelas causas que eu acredito”, disse.
A expectativa é que agora o ex-procurador se filie ao Podemos, o mesmo que será feito pelo colega ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
“Carrego comigo o sonho de um país mais justo e melhor”, frisou Dallagnol. Ele continuou: “Precisamos manter a esperança viva e lutar pela transformação que nós queremos”, ponderou.
Dallagnol defendeu o fortalecimento dos mecanismos de combate á corrupção. Isso, segundo o ex-procurador, o motivou a deixar a carreira. “Passamos a sofrer retrocessos”, salientou.
O ex-coordenador da Lava Jato concluiu: “Por um momento aqueles que nos roubam há décadas por um momento foram punidos”.
Dallagnol, de 41 anos, trabalhou por 18 anos no MPF. O trabalho mais notório do ex-procurador foi a coordenação da força-tarefa da Operação Lava Jato. A investigação começou em 2014 e foi concluída em fevereiro de 2021.
Assista ao vídeo de Deltan Dallagnol:
Após mais de 18 anos de trabalho em amor ao próximo, estou saindo do Ministério Público e queria contar a você o porquê. Minha vontade é fazer mais, fazer melhor e fazer diferente diante do desmonte do combate à corrupção que está acontecendo: https://t.co/KToDsr79FO
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) November 4, 2021
Relembre a Lava Jato
Segundo as investigações, quatro organizações criminosas que teriam a participação de agentes públicos, empresários e doleiros passaram a ser investigadas perante a Justiça Federal em Curitiba.
A operação apontou irregularidades na Petrobras, maior estatal do país, e contratos vultosos, como o da construção da usina nuclear Angra 3.
O ex-procurador se afastou da coordenação da Lava Jato de Curitiba, em setembro do ano passado, depois de denúncias de excessos e da divulgação de mensagens suas com Moro.
Dallagnol causou polêmica ao usar um powerpoint em que apontava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como chefe de uma organização criminosa para desviar dinheiro público. Após o caso, sofreu críticas e uma censura do Conselho Nacional do Ministério Público.
Dallagnol é formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná e tem mestrado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.