Delegados da PF falam em “quebra desleal” de compromisso por Bolsonaro
Associação diz não estar sendo atendida pelo governo federal, que vai conceder reajuste salarial de 5% para todos os servidores públicos
atualizado
Compartilhar notícia
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou nesta quinta-feira (14/4) nota pública contra a decisão do governo federal de recuar na reestruturação das carreiras policiais. Na quarta-feira (13/4), o Palácio do Planalto decidiu conceder reajuste salarial de 5% para todos os servidores públicos federais a partir de julho.
Na nota, a associação manifesta “sua total indignação e repúdio à notícia de que o Governo Federal não cumprirá com o compromisso firmado pelo presidente da República de promover a reestruturação das forças policiais da União”.
“Se a informação se confirmar, haverá uma quebra desleal do compromisso que será sentida ainda mais depois das diversas perdas sofridas pelos policiais federais durante este governo, que sempre teve entre suas bandeiras a segurança pública”, prossegue a nota.
Inicialmente, a ideia do Planalto era conceder aumento salarial apenas aos policiais federais. A proposta, no entanto, provocou reação de outras categorias, o que levou o governo a temer greve generalizada em pleno ano eleitoral, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará reeleição.
A equipe presidencial, então, resolveu priorizar os servidores públicos e deixar em suspenso o reajuste prometido para as carreiras de segurança: a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
A ADPF considera que a atual gestão não reconhece o sacrifício do policial federal e afirma que o grupo não pode ser objeto de “discursos vazios ou um slogan de campanha”.
“É preciso ressaltar que este Governo não está reconhecendo o sacrifício feito todos os dias pelos Policiais Federais que mesmo durante a pandemia continuaram atuando firmemente e batendo recordes de operações, ainda que com déficit de efetivo, trabalhando em constante sobreaviso, sem assistência psicológica ou sequer plano de saúde implantado.”
“A Polícia Federal e os policiais federais precisam ser valorizados e a segurança pública tratada efetivamente como prioridade e não objeto de discursos vazios ou um slogan de campanha. Os Delegados Federais não aceitarão calados esse desrespeito!”, conclui a nota.
Sem espaço no Orçamento
O custo estimado parao reajuste aos servidores públicos é de cerca de R$ 6 bilhões somente em 2022. O Orçamento da União para este ano, porém, só tem reservado para aumento salarial de servidores o valor de R$ 1,7 bilhão.
Com isso, a administração pública terá que remanejar recursos de outras áreas para bancar o reajuste linear para todas as categorias do funcionalismo federal.
Como o percentual de 5% corrige a defasagem da inflação no período, a concessão do reajuste salarial pelo governo não infringirá a legislação eleitoral, que proíbe o benefício no período de seis meses antes do primeiro turno da disputa presidencial.