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Delatores descrevem esquema de doações para o Instituto Lula

Marcelo Odebrecht e Alexandrino Alencar narram com detalhes como eram feitas as negociações que beneficiaram a instituição

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1 de 1 lula - Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

No conteúdo das delações premiadas dos ex-executivos da Odebrecht, os empresários descreveram como eram realizados os supostos pagamentos indevidos para o Instituto Lula. Marcelo Odebrecht e Alexandrino Alencar narraram com detalhes como as negociações que beneficiaram a instituição foram organizadas.

Marcelo explicou como funcionou a compra de um terreno que seria a sede do instituto. “O prédio IL foi aquele pedido que eu comentei com o senhor.  Em meados de 2010, o Paulo Okamotto ou o Bumlai, um dos dois, fez o primeiro approach. Mas depois eu conversei com os dois. Veio dizer que o Bumlai e Roberto Teixeira tinham fechado um terreno que queriam que fosse a futura sede do Instituto Lula. Queriam que a gente comprasse o terreno e doasse”, denunciou.

“Eu tinha acertado o valor que em tese era para ser doado todo. Vocês não querem, vocês ficam pedindo aos poucos. Se arrancar do provisionamento que eu tenho com Palocci, tudo bem. Mas eu tenho que pegar autorização dele. Eu fui em Palocci e disse: ‘Palocci, pessoal tá querendo Instituto. Tem autorização sua para usar esses recursos no IL?’. Ele disse que sim. Eu fiz a transação, a gente comprou o terreno. Eu pedi a um amigo meu que prestava serviço para a empresa, de confiança, ele comprou o terreno no nome da empresa dele”, conta.

No entanto, segundo Marcelo, o negócio não foi para frente porque uma empresa comprou o terreno para um empreendimento imobiliário. Para resolver a “dívida”, foi feito um débito e, mais tarde, um crédito ao “Amigo”, como era chamado o ex-presidente Lula.

Já Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, afirma que tinha uma relação mais próxima a Lula. No seu depoimento, ele é confrontado a explicar por que as planilhas mostram que as doações para Lula cresciam em todos os anos. Alencar revela que o calendário das doações era baseado no planejamento eleitoral. Quando havia eleições, as doações eram maiores, como forma de investimento.

“Não é que eram crescentes, eu vou explicar porque. A de 2014, que tem R$ 3 milhões, é porque era um ano eleitoral, então achamos que podíamos dar um valor um pouco maior em função do cenário eleitoral. Não sei quando poderíamos dar de novo para não termos nenhuma surpresa para o instituto durante o ano de 2014”, justifica Alexandrino.

No depoimento, o ex-diretor revela que o próprio Instituto Lula solicitou um aumento nas doações, tendo em vista a proximidade das eleições. “Paulo Okamoto pediu uma doação mais expressiva para passar essa época eleitoral.”

O outro lado
A defesa do ex-presidente Lula divulgou uma nota para rebater as acusações:

A imprensa dedicou  inúmeras manchetes às delações que o Ministério Público Federal negociou com executivos do Grupo Odebrecht e, como tem ocorrido, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o destaque da maioria delas. O vazamento ilegal e sensacionalista das delações, nos trechos a ele referentes, apenas reforça o objetivo espúrio pretendido pelos agentes envolvidos: manchar a imagem de Lula e comprometer sua reputação. Mas o que emergiu das delações, ao contrário do que fez transparecer esse esforço midiático, é a inocência de Lula – ele não praticou nenhum crime.

É nítido que a Força-Tarefa só obteve dos delatores acusações frívolas, pela ausência total de qualquer materialidade. O que há são falas, suposições e ilações – e nenhuma prova. As fantasiosas condutas a ele atribuídas não configuram crime.

Desde 4 de março de 2016, o ex-Presidente passou a ser vítima direta de sucessivas ilegalidades e arbitrariedades praticadas no âmbito da Operação Lava Jato para destruir sua trajetória, construída em mais de 40 anos de vida pública. Lula já foi submetido à privação da liberdade sem previsão legal; buscas e apreensões; interceptações telefônicas de suas conversas privadas e divulgação do material obtido; e levantamento dos sigilos bancário e fiscal, dentre outras medidas invasivas.

A despeito de não haver provas, o ex-Presidente foi formalmente acusado, apenas com base em “convicções”. Depois de 24 audiências em Curitiba e a oitiva de 73 testemunhas apenas em um dos processos, salta aos olhos a inocência de Lula. Ao final dessa nova onda, o que sobrará é o mesmo desfecho melancólico vivido pelo senador cassado Delcídio do Amaral: caíram por terra suas teses. Delcídio aceitou acusar o ex-Presidente em troca da sua liberdade e depois foi desmentido por testemunhas ouvidas em juízo, quando então não podiam mentir.

Com informações da Agência Estado

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