Delator revela comitê clandestino de campanha de Beto Richa
Ex-diretor-geral do DER afirma que havia um caixa 2 para arrecadar dinheiro de origem ilícita
atualizado
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A Operação Lava Jato (55ª fase) descobriu um endereço no bairro Água Verde, em Curitiba, onde teria operado um comitê clandestino de campanha do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB).
O imóvel, situado à Rua Baltazar Carrasco dos Reis, 2863, hoje abriga um lar para idosos, por isso não foi alvo de buscas da Polícia Federal nesta quarta (26/9), na deflagração da Operação Integração II, a fase 55 da Lava Jato.
A PF prendeu o irmão de Beto Richa, seu ex-secretário de Infraestrutura e Logística no governo, José Richa Filho, o Pepe Richa. Outros 18 mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23.ª Vara Criminal de Curitiba.
O ponto central da nova etapa da Lava Jato é a delação premiada do ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) no Estado, Nelson Leal Júnior. A PF e o Ministério Público Federal reuniram provas de corroboração das revelações do delator.
Ele contou que “em meados de março ou abril” de 2014, o irmão de Beto Richa o levou à casa da Água Verde. “Ele (Pepe Richa) contou que o único objetivo do imóvel seria abrigar um comitê financeiro e contábil ‘clandestino’, pois seria um local específico para armazenar dinheiro em espécie decorrente de contribuições eleitorais não oficiais”, afirma o delator
O procurador da República Diogo Castor de Mattos disse que “segundo relato do ex-diretor geral do DER, havia o comitê oficial para arrecadações de caixa 1 e havia um comitê de arrecadações de caixa 2, que só servia para arrecadar dinheiro em espécie, dinheiro de origem ilícita”.
Nelson Leal relatou aos investigadores que aceitou o convite de Pepe Richa e se dirigiu até o endereço da Água Verde provavelmente no mesmo veículo que o irmão do ex-governador, um Renault Fluence. “Ele possuía as chaves do imóvel.”
Segundo o delator, ambos entraram na residência. “Que o colaborador conheceu todos os cômodos do imóvel, os quais ainda estavam vazios; Que José Richa Filho contou ao declarante que haviam recém alugado o imóvel e que iriam promover adaptações para que ele se tornasse o comitê financeiro e contábil da campanha de 2014; Que o colaborador estranhou a informação, pois já existia um comitê oficial da campanha que estava localizado em um barracão no bairro Centro Cívico, que hoje abriga o estacionamento Top-Park).”
Em outro trecho de seu relato, o ex-diretor-geral do DER afirma que Pepe Richa contou a ele que “o único objetivo do imóvel seria abrigar um comitê financeiro e contábil clandestino, pois seria um local específico para armazenar dinheiro em espécie decorrente de contribuições eleitorais não oficiais”.
As revelações de Nelson Leal Júnior indicam à Lava Jato 55 os nomes de diversas pessoas físicas e jurídicas “envolvidas com as irregularidades que favoreciam as concessionárias de pedágio”.
Ele afirmou que Pepe Richa era o “responsável por determinar favorecimentos às concessionárias de pedágio, destinatário principal de parte dos valores ilicitamente arrecadados”.
Outro lado
A reportagem está tentando localizar todos os citados e deixou espaço aberto para manifestação.
A defesa do ex-secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, informou que o investigado “nunca foi chamado pela Polícia Federal para esclarecer quaisquer fatos” atinentes à operação realizada nesta quarta.
“O processo tramita sob sigilo na 23a. Vara Federal e, apesar de requerido pela defesa, até o momento, não se obteve acesso aos autos. O ex-secretário seguirá colaborando com a Justiça e confia que sua inocência restará provada na conclusão do processo.”
O ex-governador Beto Richa destacou que nunca foi “condescendente com desvios de qualquer natureza e é o maior interessado na investigação de quaisquer irregularidades”. “Beto Richa segue confiando na Justiça e tem a certeza que o devido processo legal provará sua inocência.”