Delator diz que pediu ajuda a amigo de Lula por sua relação com Palocci
Baiano diz ter entrado em contato com o pecuarista em 2011 para tentar abrir portas para a OSX na empresa Sete Brasil, criada pela Petrobras em parceria com bancos e fundos de pensão federal
atualizado
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O operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, afirmou em sua delação premiada que decidiu buscar a ajuda do pecuarista José Carlos Bumlai – amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com livre acesso ao Planalto – em contratos de navios-sonda para o grupo OSX, do empresário Eike Batista, por sua relação com ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil, governos Lula e Dilma Rousseff).
“Em razão da relação entre Antonio Palocci e Bumlai”, Baiano diz ter ligado para o pecuarista no primeiro semestre de 2011 e marcado um encontro no escritório dele em São Paulo, para tentar abrir portas para a OSX na empresa Sete Brasil, criada pela Petrobras em parceria com bancos e fundos de pensão federal.
Fernando Baiano contou à força-tarefa da Operação Lava Jato, em depoimento no dia 16 de setembro, que junto com seu sócio Luis Miguel Fernandes fazia a “gestão comercial” da construção de um estaleiro da OSX em parceria com a empresa espanhola Acciona.
Apoio interno
O grupo OSX tinha interesse no pacote de 28 navios-sonda lançado pela Sete Brasil para construção no País e fornecimento para a Petrobrás. “O pessoal da OSX disse ao depoente que considerava muito estranha a forma como tinha sido conduzida essa tomada de preços, porque a OSX seria o maior estaleiro em construção no Brasil, tinha condições de ter apresentado preços muito bons, mas, mesmo assim, a Sete Brasil/Petrobras teria deixado a OSX fora da licitação”, afirmou Baiano.
O lobista apontou o nome de dois executivos da OSX como seus interlocutores, Luis Carneiro e Carlos Eduardo Sardemberg Bellot – ambos ex-funcionários da Petrobras. A OSX, segundo o delator, considerava o contrato de navios-sondas da Sete Brasil “muito importante para o estaleiro da empresa”. Pecuarista. Fernando Baiano disse então que procurou Bumlai por sua relação com Palocci, que seria o responsável pela indicação política de Ferraz para presidente da Sete Brasil.
“O presidente da Sete Brasil na época era João Carlos Ferraz, o qual, de acordo com comentários do mercado, era um ex-funcionários da Petrobras que havia sido indicado para o cargo por Antonio Palocci”, afirmou Baiano. Palocci foi coordenador da campanha da presidente Dilma em 2010 e ocupava em 2011 cargo de ministro-chefe da Casa Civil.
O operador de propinas disse que a primeira reunião sobre o assunto das sondas da Sete Brasil ocorreu no primeiro semestre de 2011. no escritório de Bumlai, na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, em São Paulo.
Diálogos
“Bumlai disse que iria ver a possibilidade de trabalhar o assunto, ficando de dar um retorno”, disse. O pecuarista afirmou nessa ocasião desconhecer que Ferraz era uma indicação de Palocci. Baiano disse ter sido procurado depois por Bumlai, no mesmo local.
Ferraz e outro ex-executivo da Sete Brasil, Eduardo Musa, confessaram em delação premiada que esses contratos envolveram propina de 1%. Parte abasteceu os cofres do PT, contou o ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco.
Comissão
Após esses primeiros encontros, a OSX concordou em pagar um porcentual em relação aos contratos de navios-sondas intermediados por Bumlai. O pecuarista se comprometeu a “conversar com as pessoas”, afirma o delator.
Baiano disse que Bumlai telefonou solicitando a ele que pedisse ao presidente da OSX, Luis Carneiro, que entrasse em contato com o presidente da Sete Brasil para marcar uma reunião. “Segundo Bumlai, João Carlos Ferraz já estaria sabendo do assunto a ser tratado.”
O encontro foi marcado ainda no primeiro semestre de 2011. Nesse encontro, Baiano relata que o presidente da Sete Brasil teria informado ao executivo da OSX que o pacote de sondas já estava fechado, mas que havia a possibilidade de contratação de dois novos equipamentos – voltados para exploração de petróleo em águas profundas.
Defesa
“A respeito das questões encaminhadas, insistimos que o empresário JCB nunca atuou em nome de OSX ou de Fernando Baiano em quaisquer demandas, nem pediu dinheiro usando o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou seus familiares, para beneficiar quem quer que fosse. Mais uma vez, informações já contestadas por nós são misturadas irresponsavelmente, na tentativa de criar novos fatos que, na prática, não existem”, diz a defesa de José Carlos Bumlai.