Defesa de Temer afirma que Janot tenta pressionar o TSE
O advogado disse que chegam notícias à equipe do Planalto de que o procurador-geral deve atuar nesta semana pautado pelo “timing” político
atualizado
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Com o avanço das investigações da Operação Lava Jato sobre o presidente Michel Temer (PMDB), o Palácio do Planalto deu início neste domingo (4/6) à estratégia de enfrentamento ao Ministério Público Federal. Escalou o advogado Gustavo Guedes para atribuir ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, uma tentativa de influenciar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Próximo do julgamento que pode cassar seu mandato, Temer ainda atuou junto de aliados do PSDB e obteve o compromisso de permanência dos tucanos na base ainda nesta semana.
“Nós teríamos total tranquilidade para discutir tudo o que venha do Ministério Público. Agora a questão é o momento. Fazer isso às vésperas do julgamento do TSE nos parece uma tentativa de constranger o tribunal”, disse Guedes à reportagem. Nesta terça-feira (6), a Corte eleitoral inicia a fase final do processo proposto pelo PSDB em 2014, no qual a chapa campanha de Dilma Rousseff/Michel Temer é acusada de abuso de poder político e econômico.A Procuradoria-Geral da República (PGR) não quis comentar as declarações do advogado de Temer. A estratégia foi definida no sábado (3), no Palácio do Jaburu, logo após a prisão do ex-deputado federal e ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Também participaram do encontro os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).
Segundo Guedes, que defende Temer no TSE, Janot manobra ao tomar medidas relacionadas à investigação neste momento. “O que estamos indignados é com a tentativa de atuação política do Ministério Público”, afirmou.
O advogado disse que chegam notícias à equipe do Planalto de que o procurador-geral deve atuar nesta semana pautado pelo “timing” político, seja ao revelar uma nova gravação contra Temer, seja até mesmo ao apresentar uma denúncia no STF, onde o peemedebista é investigado por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.
Entre as críticas da defesa de Temer ao MPF estão a pressa em concluir o inquérito contra o presidente, a falta de perícia prévia no áudio em que o empresário Joesley Batista, da JBS, conversa com Temer e o fato de um ex-procurador da Lava Jato ter participado de negociação do acordo de leniência do Grupo J&F. “Qual inquérito da Lava Jato foi concluído em 10 dias, mesmo com presos? Nenhum”, disse o advogado.
Apesar da acusação de que há uma investida da PGR sobre o julgamento, a defesa de Temer considera que é melhor o processo se encerrar ainda nesta semana, considerando que “as tentativas (de Janot) não cessariam”.
Nos bastidores, a defesa do peemedebista teme um pedido de vista logo após o voto do relator, Herman Benjamin. A expectativa é de que o ministro apresente posição dura, pela cassação da chapa, e a suspensão do processo nessa situação poderia ser um fator de complicação no cenário político.
Questionado pela reportagem sobre uma eventual pressão da PGR, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, disse que os ministros não vão “se impressionar com bravatas”. “O tribunal tem uma composição de gente madura e qualificada, que não vai se impressionar com qualquer bravata, venha de onde vier”, afirmou o magistrado, que tem adotado tom crítico ao trabalho de Janot e ao que considera atos de abusos nas investigações.
Aliados
Na frente política, Temer articulou encontros com lideranças partidárias para manter o PSDB, fiel da balança do governo, em sua base aliada diante de ameaças de desembarque. No domingo, logo pela manhã, o presidente se reuniu com ministros tucanos e obteve a garantia de que a Executiva do partido não vai definir nesta semana, como anteriormente previsto, a permanência ou não na base. A decisão estava marcada para o mesmo dia do julgamento do TSE.
Participaram do encontro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades), que chegou a ameaçar entregar o cargo no dia em que a delação dos empresários do grupo J&F veio a público.