Defesa de Lula acusa Lava Jato de ocultar grampo que o favoreceria
Para advogados, procuradores ignoraram conversa de funcionária da empreiteira sobre apartamento no Guarujá, atribuído ao ex-presidente
atualizado
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Advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusam os procuradores da Lava Jato de omitirem provas que poderiam inocentar o ex-presidente no caso envolvendo o apartamento triplex do Guarujá, pelo qual Lula foi condenado e preso.
De acordo com um novo conjunto de diálogos enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (1º/3) pela defesa, os procuradores da Lava Jato teriam optado por não incluir uma conversa telefônica, interceptada pela força-tarefa, de uma funcionária da empreiteira OAS chamada Mariuza Aparecida Marques.
O diálogo apontado teria ocorrido no dia 13 de agosto de 2016, véspera de protocolarem a denúncia.
Na troca de mensagens, o procurador da República Athayde Ribeiro Costa diz que o diálogo de Mariuza poderia “encaixar na tese do Lula de que não quis o apartamento. Pode ser ruim para nós”.
“Pessoal, especialmente Deltan, temos que pensar bem se vamos utilizar esse diálogo da MARIUZA, objeto da interceptação. O diálogo pode encaixar na tese do LULA de que não quis o apartamento. Pode ser ruim para nós”, escreveu o procurador Athayde Ribeiro Costa.
A interceptação da conversa de Mariuza com outros funcionários da empreiteira foi reproduzida no grupo que os procuradores utilizavam no Telegram.
De acordo com a funcionária, a ex-primeira-dama Dona Marisa Letícia teria comprado uma cota do triplex e que teria ido ao apartamento pronto para verificar se havia interesse em utilizar a aplicação como parte do pagamento de uma unidade assumida pela OAS.
Após a visita, no entanto, Dona Mariza não quis realizar a aquisição. Essa tese foi sustentada por Lula no processo.
De acordo com a petição enviada ao ministro Ricardo Lewandowski, relator de uma reclamação sobre o material recolhido em investigação contra hackers que invadiram os celulares de autoridades, os procuradores omitiram a informação justamente para prejudicar o ex-presidente.
“Note-se bem: havia uma interceptação telefônica contra uma funcionária da OAS que foi ocultada porque poderia subsidiar a defesa técnica do reclamante. Quantas provas de inocência do reclamante foram ocultadas?”, questiona a defesa de Lula.
O Metrópoles entrou em contato com a assessoria do Ministério Público Federal e aguarda manifestação. Confira a íntegra da petição apresentada pela defesa do ex-presidente:
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