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Defesa alega misoginia, machismo e racismo estrutural contra Flordelis

A Câmara vota nesta quarta-feira (11/8) o processo de cassação de mandato da deputada, que é acusada de mandar matar o marido

atualizado

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Flordelis notificada pela corregedoria da Camara dos Deputados
1 de 1 Flordelis notificada pela corregedoria da Camara dos Deputados - Foto: null

A defesa da deputada Flordelis (PSB-RJ) alegou nesta quarta-feita (11/8), durante a sessão destinada a julgar a cassação do mandato da parlamentar, que as acusações contra ela são marcadas pela “misoginia”, pelo “machismo” e pelo “racismo estrutural”. Os advogados pediram que os parlamentares esperassem a conclusão do processo no qual ela é acusada de mandar matar o marido para depois decidirem sobre seu mandato.

Flordelis (PSD-RJ) é suspeita de ter encomendado o assassinato o pastor Anderson do Carmo. Ele foi morto em junho de 2019 dentro da própria casa, no bairro Badu, em Niterói.

Ao se defender, a deputada apelou para os colegas de Câmara reafirmando que é inocente e que a verdade ainda virá à tona. Ela ainda acusou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de não ouví-la. Em seguida, passou a palavra para seus defensores. “Sejam justos, não me cassem”, implorou a parlamentar.

Racismo

O advogado Rodrigo Faucs apontou que a deputada tem visto sua história de vida sendo destruída desde que seu marido foi executado e que não tem tido oportunidades para se defender.

“O caso aqui hoje é uma mistura de perversidade histórica do nosso sistema, imperada por uma misoginia, machismo e um racismo estrutural”, disse o defensor.

“Eu admito, eu não tenho lugar de falar em questões faciais e de gênero, sou um homem branco, heterossexual de classe média, tive todos os privilégios inerentes a essas características, sou advogado, tenho doutorado, estou fazendo pós-doutorado, habilitado para atuar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, sou privilegiado. O que não me impede de reconhecer  nos meus proprios privilégios, perceber a crueldade e a desumanidade intrínseca daqueles que não são como eu”, argumentou o advogado.

“Hoje em dia, não se pode odiar negros, mas se pode odiar, como diria Djamila Ribeiro, os criminosos”, citou o advogado.

“Toda vida, Flordelis sofreu preconceitos severos, impotência tripla, uma mulher negra e oriunda da favela a deputada, Flordelis está com mais de 60 anos. Ela tem uma história linda de vida e a história dela, os fatos que aconteceram no decorrer da vida dela, não podem ser simplesmente apagados. É interessante perceber que a própria historia das marginalizadas, estigmatizadas, também sofre uma violenta tentativa de destruição”, argumentou.

“Perseguição”

Faucz alegou que Flordelis sofre perseguição política e religiosa. “Desde que seu marido foi assassinado, a imagem da Flordelis foi massacradas e concebida pelo prisma daqueles que são seus inimigos, de uma acusação leviana de adversários políticos e religiosos”, disse. “Esses detratores aproveitam para legitimar essa ojeriza e a cólera acumulada contra a deputada. Muda-se o rótulo, mas mantém a essência”, observou.

Outro defensor da parlamentar, Jader Marques,  apontou que o pastor Anderson do Carmo violentava filhas de Flordelis. “O homem que a amava era uma abusador, ele acariciava as filhas dela de maneira asquerosa”, disse o advogado.

A deputada chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do processo, mas a ministra Cármen Lúcia negou o recurso, alegando que não viu instrumentos legais para barrar a sessão. “Ausência de requisitos inconstitucionais e legais para o processamento válido desta ação”, escreveu a ministra.

Flordelis está no plenário acompanhada de dois advogados.

Para que a deputada tenha o mandato cassado, são necessários, pelo menos, 257 votos — a maioria absoluta dos parlamentares. A acusada, que nega participação no crime, entrou com mandado de segurança no STF para tentar impedir a votação.

Flordelis não pôde ser presa por causa da imunidade parlamentar — segundo a qual somente flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão.

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A ex-congressista deve ir a júri popular, no Rio de Janeiro
"Absurdo", diz advogado de Flordelis sobre pedido de prisão
Flordelis dos Santos de Souza era deputada federal
Deputada Flordelis
Deputada federal Flordelis dos Santos de Souza (PSD-RJ)
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Flordelis teve o mandato cassado no início de agosto

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Deputada federal Flordelis dos Santos de Souza (PSD-RJ)

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Flordelis dos Santos de Souza foi deputada pelo PSD

 

 

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