Decotelli divulga placas de homenagens para provar que é professor da FGV
“Fake da FGV destruiu minha carreira no MEC”, disse o ex-ministro, que caiu dias após nomeação por polêmicas no currículo
atualizado
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Depois de a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ter emitido nota dizendo que ele não era professor na instituição e encerrado as chances de sua permanência no Ministério da Educação (MEC), Carlos Alberto Decotelli divulgou nesta quarta-feira (01/07) placas de homenagens recebidas por ele como docente. Ele enviou seis imagens desses prêmios à coluna do jornalista Guilherme Amado, na Época.
Veja uma delas:
Em nota, a FGV afirmou que Decotelli “atuou apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos, e não como professor de qualquer das escolas da Fundação”. Nestes cursos, professores atuam como pessoa jurídica.
Em contrapartida, Decotelli culpa a FGV por sua derrocada no ministério: “Fake da FGV destruiu minha carreira no MEC”, queixou-se.
Em uma das placas de homenagem, os formandos em Gestão Financeira agradecem ao professor dizendo que “tão bonito como realizar seus próprios sonhos é ajudar os outros a realizarem os seus. Por sua contribuição nessa caminhada, muito obrigada”.
À Folha de S.Paulo, a presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes, disse, também nesta quarta, que a FGV foi “covarde” ao dizer que Decotelli não teria dado aulas na instituição. “Ele coordena MBA e é professor lá, sim. Fazer diferença entre professores efetivos e colaboradores é uma piada”, criticou ela.
Irmã do ministro da Economia Paulo Guedes, Elizabeth avaliou que houve “aproveitamento político” das inconsistências do currículo de Decotelli e que ele sofreu “achincalhe absurdo”, mesmo sendo “professor exemplar e pessoa íntegra”. Elizabeth também cobrou que ele seja defendido pelo movimento negro. “Ninguém vai defender esse preto? Quantos brancos já fizeram isso e não aconteceu nada?”, questionou.
Entenda
Decotelli vem sendo alvo de uma série de questionamentos quanto ao seu currículo desde a última sexta-feira (26/06), quando o reitor da Universidade de Rosário, Franco Bartolacci, foi ao Twitter questionar a inclusão do título de doutor indicado por Decotelli. Na sequência, o Ministério da Educação divulgou um certificado que atestava a conclusão de todos os créditos do doutorado de Decotelli em administração, mas não provava que ele havia defendido a tese – sem cumprir essa etapa, o título não é concedido.
A contestação de Bartolacci levou o novo ministro a alterar seu currículo Lattes e fazer a ressalva de que não houve, de fato, defesa de tese.
Nesta segunda-feira (29/06), foi a vez de o pós-doutorado que constava na lista de qualificações de Decotelli ser contestado. Segundo a Universidade de Wüppertal, ele não obteve “nenhum título” na instituição. Com a série de polêmicas, ele acabou pedindo demissão na última terça-feira (30/06), menos de uma semana após ser nomeado.