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Declaração de Eduardo Bolsonaro sobre AI-5 repercute no Congresso

Parlamentares defendem punições ao colega como a cassação do mandato. Filho do presidente disse que ato é para “conter a esquerda”

atualizado

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Lago com Congresso ao fundo
1 de 1 Lago com Congresso ao fundo - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

Minutos após o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defender nova edição do AI-5, uma série de políticos reagiram à fala do parlamentar, que é filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Nesta quinta-feira (31/10/2019), ele disse que o mecanismo poderia ser usado para “conter a esquerda no país”.

O ex-candidato à Presidência em 2018 Guilherme Boulos (PSol) subiu o tom contra o filho do titular do Planalto. “Eduardo Bolsonaro é um moleque sem credibilidade. Cabe aos comandantes das Forças Armadas e ao Ministro da Defesa virem a público para desautorizar esse escroque”, escreveu.

Na mesma tendência, o deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) defendeu as “instituições democráticas”. “Ao fazer apologia de um novo AI-5, Eduardo Bolsonaro está defendendo o fechamento do Congresso Nacional e a perseguição, tortura e o extermínio de opositores. Cada vez mais a família do presidente da República ameaça criminosamente as instituições democráticas”, assinalou.

A deputada federal Luiza Erundina (PSol-SP) garantiu que o partido vai tomar providências cabíveis. “O filho do presidente agora atenta contra a democracia, ameaçando o país com a absurda ideia de um novo AI-5”, avaliou.

O vereador Gabriel Azevedo (PHS-MG) destacou que uma das resoluções “dessa monstruosidade criada na ditadura em 1968” era a cassação de mandato de deputados. “Se houver um democrata coerente nesse Congresso Nacional, o pedido de cassação do completo imbecil que sugeriu isso em pleno 2019 seria uma ação digna”, disparou.

O presidente do DEM e prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, condenou as declarações do filho do presidente, classificando a fala de Eduardo como inaceitável afronta à democracia. “A defesa intransigente da democracia está no DNA do democratas. Condenamos e combateremos qualquer tentativa de ameaça à liberdade política e ao pleno funcionamento das instituições do nosso país. Neste momento, o país precisa de equilíbrio e responsabilidade, não de ameaças e radicalizações como as defendidas pelo parlamentar”, declarou.

Dirigente nacional do PSDB, Bruno Araújo emitiu nota na qual condena as declarações do filho do mandatário da República. “Parece que não restam mais dúvidas sobre as intenções autoritárias de quem não suporta viver em uma sociedade livre. Preferem a coerção ao livre debate de ideias. Escolhem a intolerância ao diálogo. Ameaçar a democracia é jogar o Brasil novamente nas trevas”, ponderou.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que “Eduardo ultrapassou todos os limites”. “É um menino mimado berrando seus desejos autoritários como se, no país, tudo ficasse impune como é costume na casa dele. Não vamos permitir, o AI-5 causou mortes, torturas de pessoas. Eduardo precisa ser parado imediatamente”, lamentou.

Entenda o caso
Em entrevista à jornalista Leda Nagle, Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República, sugeriu que, se for preciso, poderá usar medidas extremas, mesmo que seja um “novo AI-5”.

Segundo o deputado, se a esquerda brasileira “radicalizar”, uma resposta pode ser “via um novo AI-5″. Na entrevista, Eduardo reclamou que todos os acontecimentos ruins recaem sobre o seu pai.

O decreto é duramente criticado por historiadores, sociólogos e antropólogos por ter aumentado a ocorrência de atos de tortura, assassinatos e sequestros por parte das forças da ditadura. Além disso, intensificou o cerceamento das oposições, com perseguição a lideranças políticas, sindicais e de movimentos sociais, como os estudantis.

O partido Republicanos também repudiou a declaração de Eduardo, ressaltando que, segundo o artigo 5º da Constituição Federal, é crime “a ação contra o Estado democrático”. “Nós, republicanos, defendemos de forma intransigente a Constituição, a democracia e as instituições e não podemos aceitar, sob nenhuma justificativa, qualquer incitação a atitudes autoritárias”, declararam.

A legenda ressaltou ainda que “tem colaborado” com o governo Bolsonaro “em tudo aquilo que é bom para o país” e que se coloca “à disposição” para ajudar no diálogo e moderação “desde que qualquer simples menção aos momentos obscuros da nossa história fiquem para trás”.

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