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Debandada do PMDB motiva oposição a acelerar impeachment na Câmara

Aliados do vice-presidente Michel Temer avaliam que ele pode assumir o comando do Palácio do Planalto em maio. Governo traça plano B para tentar reverter quadro desfavorável

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Dilma Rousseff, Michel Temer
1 de 1 Dilma Rousseff, Michel Temer - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A próxima semana promete ser decisiva para a governabilidade da presidente Dilma Rousseff. O anúncio do PMDB fluminense de que pretende encerrar a aliança com o PT abalou a ala governista do partido e também o Palácio do Planalto. Em sentido inverso, deu força ao grupo peemedebista pró-impeachment, que decidiu acelerar o trâmite do processo na Câmara dos Deputados. A previsão é votar o pedido de afastamento antes de 17 de abril.

Aliados do vice-presidente Michel Temer afirmam que ele se prepara para assumir o governo em maio e, por isso, também intensificou nos últimos dias as articulações no mundo político e empresarial nesse sentido. O partido se reúne na próxima terça-feira (29/3) para anunciar a sua posição em relação ao governo. Pela contagem parcial da sigla, apenas um terço dos diretórios regionais é favorável à permanência do PMDB no governo.

Com o desembarque do PMDB do governo, a avaliação é que os demais partidos da base tomarão decisão semelhante em seguida. Pressionado por deputados, Ciro Nogueira, presidente do PP, marcou para a quarta (30) uma reunião com as bancadas da sigla no Congresso. Cresce na legenda o desejo de debandar também. Na prática, muitos só esperam a oficialização do divórcio do PMDB para abandonar Dilma à própria sorte.

Diante do quadro, o Palácio do Planalto já desenhou um plano B. A ordem é trabalhar individualmente com os parlamentares, principalmente deputados, já que cada voto será fundamental para evitar a aprovação do impeachment na Casa. E aos atuais sete ministros que ocupam cargos na Esplanada, uma das possibilidades em discussão é que eles permaneçam nos cargos, se licenciando do partido. Mas a proposta não agradou a todos eles.

Ao Blog do Camarotti, do portal G1, um articulador político do governo confirmou a estratégia: “Já iniciamos um mapeamento. E vamos usar esse espólio do PMDB para resolver o impeachment. Tem partido que só tem um ministério e já garante votos. Já que o PMDB decidiu desembarcar, vamos distribuir esses cargos e tentar reverter a situação.”

O governo também se apoia em outra bengala. A menção a políticos do PSDB na delação de Pedro Corrêa fez com que todos ficassem com um pé atrás antes de usar a Lava Jato como munição, o que pode dar um refresco nos ataques a Dilma e ao PT.

Impeachment
A intenção do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manifestada a aliados, é aprovar o impeachment o mais rápido possível. O relator do pedido de afastamento na Comissão Especial, Jovair Arantes (PTB-GO), já teria, segundo apurou a reportagem, avisado Cunha de que vai apresentar parecer favorável à saída de Dilma. Com o foco voltado para Dilma, o presidente da Câmara acha que tem mais chances de retardar a avaliação do pedido da sua cassação, que também tramita na Casa.

Cunha também não desistiu de incluir a delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) no pedido de impeachment que tramita na Comissão Especial e tem como base as pedaladas fiscais (manobras contábeis) da atual gestão. Delcídio, entre outros pontos importantes, aponta a participação da presidente em tramas para brecar o avanço da Operação Lava Jato.

A pressa e o otimismo dos peemedebistas pró-impeachment também se deve às dificuldades do Planalto e do PT em definir na Justiça a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil. Sem o cargo e os poderes dele, Lula está praticamente impossibilitado de fazer a articulação com o PMDB e demais partidos da base. O petista, no entanto, recorreu ao Supremo em busca de recuperar o direito de assumir a pasta.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, os peemedebistas contrários ao governo, aliados aos partidos de oposição (PSDB, DEM, PPS e SD), avaliam que a decisão do Diretório Estadual do PMDB fluminense aumenta a fragilidade de Dilma e de seus apoios dentro do próprio partido, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e revela que o Planalto está desarticulado para o embate do impeachment no Congresso.(Informações da Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Blog do Camarotti e UOL)

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