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De olho em 2020, Terra loteia ministério com políticos gaúchos

Levantamento do Metrópoles mostra que ao menos 52 nomeações são de filiados e ex-filiados a partidos no Rio Grande do Sul, estado de Terra

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
OSmar Terra sentado
1 de 1 OSmar Terra sentado - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Escolhido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), para comandar o Ministério da Cidadania, o gaúcho Osmar Terra (MDB) cuida da área social do governo, com as pastas do Desenvolvimento Social e do Esporte. Com a proximidade das eleições de 2020, o ex-prefeito de Santa Rosa trabalha para reconquistar o espaço que a sigla perdeu em 2018. Mesmo que, para isso, tenha sido preciso lotear o ministério com políticos e ex-filiados a legendas no Rio Grande do Sul.

Levantamento feito pelo (M)Dados, núcleo de análise de grandes volumes de informação do Metrópoles, mostra que, com 10 meses de governo, Terra já fez ao menos 52 nomeações desse tipo. Na equipe do ministério estão ex-vereadores, ex-deputados estaduais, candidatos do pleito de 2018 que não foram eleitos para os parlamentos federal e estaduais, e até ex-jogador de futebol ligado ao governo federal. 

Os partidos, por sua vez, variam entre MBD (24), PP (5), PTB (3), PT (5), PSDB (6), DEM (2), PL (1), Solidariedade (1), PDT (3), PPS (1), Avante (1). Embora não tenham necessariamente entre si uma similaridade, um dado chama a atenção: todos são do Rio Grande do Sul, estado do ministro.

Nos bastidores, a estratégia é vista como base para fortalecer alianças e se afastar da extrema-direita, apesar de Terra ser do alto escalão do governo e defender medidas conservadoras com vigor – mesmo tendo origem no movimento estudantil e na luta antiditadura, o que o levou a ser exilado junto com um antigo aliado, o hoje senador José Serra (PSDB-SP).

Na recente convenção da legenda, em que o deputado Baleia Rossi (MDB) se consagrou presidente nacional no lugar de Romero Jucá, o MDB anunciou a nova estratégia para o pleito estadual: vai investir na linha de “renovação democrática” para se manter como a legenda que mais elege vereadores e prefeitos no país.

Na lista de nomes há figuras como Clemente Mieznikoswki (MDB), que, antes de ser nomeado a coordenador-geral de Lazer e Inclusão Social da pasta, ocupava o cargo de suplente de vereador pelo PTB em Bento Gonçalves. Há ainda Roberto Fantinel (MDB), indicado a assessor do ministério, que perdeu as eleições do ano passado, em que concorreu como deputado estadual. 

Outro funcionário de Terra é Daniel Lima Kieling, que chegou a ser diretor adjunto da Assessoria de Assuntos Municipais da Casa Civil do governo do Rio Grande do Sul em 2016. Foi exonerado do governo de José Ivo Sartori (MDB) após postar no Twitter que a “vagabundagem do PT e do MST merece tomar bala na cara, cadeia, tiro, porrada e cacete”.

Tem ainda o ex-jogador do Fluminense e do Athletico-PR Washington Stecanela Cerqueira, o “Coração Valente”. Ele foi suplente do então deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM), que se tornou ministro da Casa Civil, e teve a indicação pleiteada pelo aliado de Bolsonaro, apesar de não ser reconhecido no meio esportivo como um gestor técnico capaz de comandar a Secretaria Nacional de Esportes e Lazer, vinculada à Secretaria Especial de Esporte.

Entre as responsabilidades do “Coração Valente” estão: implementar programas esportivos educacionais, de lazer e de inclusão social; coordenar estudos e pesquisas em universidades e instituições ligadas ao Executivo; e desenvolver novas políticas de esportes nas escolas.

O Metrópoles entrou em contato com o ministério para que esclarecesse as indicações de Terra aos cargos. Contudo, o assunto não foi esclarecido. A reportagem enviou o primeiro e-mail em 20 de setembro. À época, a assessoria de imprensa negou que alguns nomes fossem de filiados ou ex-filiados. Novamente questionada, não respondeu.

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