Datafolha: 54% rejeitam a nomeação de militares no governo Bolsonaro
Militares ocupam ministérios e outros cargos de relevância. Indicação é recorde desde o fim do regime militar, em 1985
atualizado
Compartilhar notícia
Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (22/5) aponta que 54% dos brasileiros são contra a nomeação de militares em postos no governo federal, ante 41% que a aprovam. Outros 5% não souberam opinar.
A pesquisa foi realizada nos dias 11 e 12 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu de maneira presencial 2.071 pessoas em todo o país, e o nível de confiança é de 95%.
Houve um pequeno aumento na rejeição em relação ao levantamento de um ano atrás, no qual 52% se disseram contrários à presença dos militares no governo, ante 43% favoráveis.
Ex-capitão do Exército, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sinalizou desde a campanha eleitoral a intenção de indicar militares para ministérios e outros cargos de relevância, por entender que o contingente era subaproveitado pelos ex-presidentes.
A presença desse grupo atingiu na atual gestão níveis inéditos desde o fim do regime militar, em 1985.
Atualmente, sete dos 22 ministros são militares. Eles já ocuparam postos políticos, como a Secretaria de Governo, responsável pela articulação do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional.
A Casa Civil, hoje ocupada por Luiz Eduardo Ramos, general da reserva, já esteve a cargo de Walter Braga Netto, também general da reserva e hoje titular da pasta da Defesa. Na vice-presidência também há um general da reserva: Hamilton Mourão (PRTB).
Levantamento feito pelo Metrópoles em março de 2021 mostra que militares comandam parte expressiva das empresas públicas do país: ao todo, são 16 presidentes em 46 empresas, com salários iniciais estimados em valores entre R$ 20 mil e R$ 106 mil.
Segundo o Datafolha, entre quem avalia o atual governo como ótimo ou bom, a aprovação à presença dos militares em postos do governo sobe para 75%.
A avaliação positiva também maior entre homens, com os favoráveis somando 46%. No recorte regional, o apoio é maior no Sul (44%) do que no Nordeste (39%).
Desgaste de Pazuello
A atuação dos integrantes das Forças Armadas ficou fortemente desgastada com a passagem de Eduardo Pazuello pelo Ministério da Saúde, encerrada em março.
General da ativa, ele assumiu o comando da crise sanitária do país após as gestões dos médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que se queixavam da pouca autonomia concedida pelo presidente.
Além de uma militarização de postos na Saúde, Pazuello saiu da pasta com a pecha de ter agido na articulação da compra e produção de vacinas e por ter sido omisso em posicionamentos técnicos.
Ele é uma das autoridades investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado Federal, que investiga ações e omissões do governo federal na pandemia. Ele também é alvo de inquérito que trata da omissão na resposta à crise do coronavírus em Manaus, no início do ano.