Data de escritura de imóvel de Flávio Bolsonaro e depósitos divergem
“Sou empresário, o que ganho na minha empresa é muito mais do que como deputado”, afirma o filho do presidente Jair Bolsonaro
atualizado
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A escritura de uma cobertura na Rua Pereira da Silva, em Laranjeiras, mostra não apenas as condições do contrato de permuta entre o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) e o ex-atleta Fábio Guerra, mas expõe divergências nas informações prestadas pelo parlamentar.
No documento, ficou estabelecido que, além da permuta de dois imóveis, Guerra deveria pagar R$ 600 mil. Os primeiros R$ 550 mil foram um sinal e outros R$ 50 mil foram pagos por meio de cheques que começaram no dia 24 de março de 2017.
Flávio Bolsonaro disse que parte do sinal dessa compra foi paga em espécie e que depositou o dinheiro na conta dele, entre junho e julho de 2017. O comprador confirma que pagou cerca de R$ 100 mil em dinheiro vivo.
Só que, de acordo com a escritura, o pagamento de R$ 550 mil foi feito três meses antes das operações consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Os outros R$ 50 mil foram pagos em agosto, em cheques no ato da escritura.
A escritura foi finalizada no 10º Ofício de Notas em 23 de agosto de 2017. São informações do Jornal Nacional desta segunda-feira (21/1).
Ao falar pela primeira vez sobre as movimentações financeiras atípicas identificadas em suas contas pelo Coaf, Flávio Bolsonaro disse nesse domingo (20), à Record TV, que o dinheiro dos depósitos fracionados feitos em 2017 era proveniente da venda de um apartamento na Zona Sul do Rio.
“Tentam de uma forma muito baixa insinuar que a origem desse dinheiro tem a ver com um ex-assessor meu ou terceiros. Não tem. Explico mais uma vez. Sou empresário, o que ganho na minha empresa é muito mais do que como deputado. Não vivo só do salário de deputado”, afirmou Flávio.
Nesta segunda, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, disse que 27 deputados estaduais, entre eles Flávio Bolsonaro, são investigados na área cível. Todos foram citados no relatório do Coaf que identificou movimentações financeiras atípicas de servidores da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
“Existem investigações na área cível contra todos os deputados estaduais citados no relatório do Coaf”, afirmou. Ele também voltou a negar que o sigilo do senador eleito Flávio Bolsonaro tenha sido quebrado, como o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem sustentando.
Perseguição
Também no domingo, em entrevista à Rede TV, Flávio deu sua versão sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras que mostra movimentações financeiras atípicas em suas contas bancárias.
Durante a entrevista ao jornalista Boris Casoy, Flávio Bolsonaro comentou ainda os valores associados ao seu ex-assessor Fabrício Queiroz. “Sou empresário, recebo em um ano muito mais do que recebo enquanto deputado. A origem desse dinheiro é meu [sic], está depositado na minha conta. Estão tentando criminalizar isso”, completou.