Damares: “Fui mal interpretada” ao sugerir que meninas deixem o Brasil
Em apresentação no Senado, a ministra disse que a fala teve como base uma pesquisa que indica o Brasil como o pior país para se criar menina
atualizado
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A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, disse que foi mal interpretada quando aconselhou pais de meninas a saírem do Brasil. Segundo ela, o país está entre os piores do mundo para se criar meninas e que o desafio da pasta é fazer com que seja o lugar para as garotas.
“Quando eu falei essa frase fui mal interpretada, mas eu queria dizer que o Brasil é o pior país do mundo para se criar meninas”, se defendeu.
Damares assumiu que “no quesito defesa da criança” erros foram cometidos. “Vamos ter que enfrentar isso”, apontou. A ministra participa de uma sessão na Comissão de Direitos Humanos do Senado para apresentar o plano de gestão dos próximos anos.
A titular da pasta da Mulher defendeu a criação de uma comissão permanente no Senado para tratar exclusivamente de direitos das crianças e dos adolescentes. “Já existe proposta para isso”, revelou durante o encontro com parlamentares.
A fala de Damares sobre a violência contra criança tem base em uma pesquisa apresentada por ela à comissão, que aponta o Brasil como o pior país da América do Sul para se criar meninas. “Se eu tivesse que dar um conselho para quem é pai e mãe, diria: foge do Brasil”, afirmou. De acordo com a ministra, um dos índices que leva a esse resultado é o número alto de casos de abuso sexual.
Elogios
Damares Alves elogiou uma das principais bandeiras da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, o Rede Cegonha, que consiste em uma articulação de proteção às mulheres grávidas e ao bebê, do pré-natal dos dois anos de idade.
Segundo a ministra, sua intenção é ampliar o programa para que atenda mais mulheres. “Temos o Rede Cegonha, uma das coisas mais lindas que já ocorreram neste país. Mas não chegou a todas as mulheres e vamos fazer que chegue”, disse.
Os elogios aos petistas não pararam por aí. A ministra defendeu a aprovação do Projeto de Lei do Senado (PLS) 248/2015, de autoria do senador, Paulo Paim (PT-RS), que cria o Estatuto do Cigano. Paim, que é presidente da comissão, foi quem convidou Damares para apresentar seu plano de governo ao Senado.
“Temos que aprovar com urgência o Estatuto do Cigano, que é de autoria do senador Paim. Ainda, infelizmente, nessa nação, o cigano é visto como trapaceiro, mentiroso. Nós temos dicionários de português que na palavra ‘cigano’ está lá ‘enganador, velhaco e trapaceiro’, em pleno 2019. O delegado não quer fazer ocorrência na delegacia porque a mulher cigana é mentirosa e trapaceira”, afirmou Damares.
Interferência
Ao falar sobre a principal estratégia de sua gestão, Damares disse que o foco é o “fortalecimento da família”. Ela ressalvou que este foco não significa interferência do Estado na vida privada. “Temos pessoas que estão se casando com 19 e 20 anos sem saber como segurar uma criança. Ensinar esse pai e essa mãe a cuidar de seu bebê. Como educar seu bebê? Isso não significa o Estado interferindo na família”, argumentou. “Família protegida é nação soberana”, enfatizou.
Em um discurso conciliador, Damares pediu união para o enfrentamento da violência contra a mulher, “esquecendo as barreiras”. “Nós vamos ter que enfrentar isso, esquecendo inclusive o que nos separa. A violência contra a mulher tem que ser encarada de fato”,disse a ministra.