Dallagnol aponta divergência de Moro na Lava Jato e contesta “conluio”
O procurador disse que o ex-juiz indeferiu inúmeros pedidos e que vê com naturalidade pedidos de agilidade em processos contra Lula
atualizado
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O procurador Deltan Dallagnol, que coordenou a extinta Operação Lava Jato, em Curitiba, usou as redes sociais para se defender das acusações de conluio com o ex-juiz Sergio Moro durante os investigações da força-tarefa. Dallagnol lembrou em postagens vários momentos em que Moro não ratificou acusações feitas pelo grupo do Ministério Público.
“O juiz Sergio Moro absolveu 63 pessoas que acusamos, mais de 21% dos réus. Recorremos de 98% das sentenças. Ele indeferiu centenas de nossos pedidos. A tese de conluio só enfrenta um único problema: a realidade. Os dados a desmentem”, escreveu o procurador ao compartilhar entrevista concedida ao Uol.
Veja a publicação:
O juiz Sergio Moro absolveu 63 pessoas que acusamos, mais de 21% dos réus. Recorremos de 98% das sentenças. Ele indeferiu centenas de nossos pedidos. A tese de conluio só enfrenta um único problema: a realidade. Os dados a desmentem.https://t.co/PMxDEGcPL8
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) March 13, 2021
Em outro comentário, o procurador também defendeu serem naturais as cobranças por agilidade de parte de juízes a membros do MP. Essa cobrança ficou explícita em mensagens apreendidas pela Operação Spoofing, da Polícia Federal, que investigou mensagens hackeadas de um chat utilizado pelos procuradores.
“Cobrar do Ministério Público agilidade em manifestações nos casos urgentes ou pedir prioridade a certos casos ao juiz é normal. Se aconteceu, é meritório, indica diligência. Tem muita gente procurando pelo em ovo para anular condenações. Há muitos outros exemplos”, disse.
Cooperação internacional
Dalagon também argumentou que não há ilegalidade em cooperações internacionais com investigações no Brasil, mesmo que fora dos canais oficiais.
“Um jornal repete que cooperação internacional fora dos canais da autoridade central é ilegal, mas ela é reconhecida como legal até em documentos da própria autoridade central, além das recomendações nacionais e internacionais. Tem muita gente com interesse em ver erro onde não tem”, afirmou.
Moro é acusado de ser suspeito para julgar inquéritos referentes ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que foram conduzidos pelo grupo de Curitiba.
Essa suspeição está na base da decisão tomada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou todas as condenações do ex-presidente, devolvendo a Lula seus direitos políticos.