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Da PGR à Amazônia: os desalinhamentos de Bolsonaro com sua equipe

Desde a posse, presidente tem defendido ideias e projetos contrários aos apoiados por nomes como Sérgio Moro, Paulo Guedes e Hamilton Mourão

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Bolsonaro e os 200 dias
1 de 1 Bolsonaro e os 200 dias - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A decisão de Jair Bolsonaro (PSL) em indicar Augusto Aras para a procuradoria-geral da República mostrou um desalinhamento não só com as demandas bolsonaristas, mas também com o PSL e com Sergio Moro. Nesta semana, o presidente já havia se desencontrado com as ideias defendidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao afirmar que poderia apoiar a proposta de flexibilização da regra do teto de gastos.

Mesmo que tenha desistido da ideia na manhã seguinte e negue que haja qualquer ruído na sua relação com Moro, esses episódios não são a primeira vez que Bolsonaro se mostra desalinhado com sua equipe. Abaixo, o Estado relembra outras vezes em que ministros e membros do governo tiveram posicionamento contrários aos do presidente:

Paulo Guedes, ministro da Economia
Apesar de ter voltado atrás menos de 24h após ter dito que apoia a alteração no teto de gastos e realinhado seu discurso ao de Paulo Guedes, o presidente já discordou do ministro quando este afirmou que pretendia lançar um novo imposto nos moldes da extinta CPMF. Ainda em 2018, durante a campanha, Bolsonaro tinha afirmado sua oposição à medida: “Chega de impostos é o nosso lema!”, disse.

No último dia 19,Bolsonaro foi enfático sobre sua posição durante um café da manhã com jornalistas: “CPMF de volta, não”. Dois dias depois, Guedes reafirmou sua intenção de lançar o novo imposto nesses parâmetros e, na manhã seguinte, o presidente já havia cedido às vontades do ministro da Economia e admitido que iria cogitar a proposta.

Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública
Paralelamente aos embates com Guedes, Bolsonaro tem trocado indiretas com Moro sobre seu poder de decisão em escolher o novo diretor-geral da Polícia Federal. Enquanto o ministro reforça sua indicação de Maurício Valeixo para o cargo, o presidente faz questão de frisar, repetidas vezes, que “quem manda” é ele.

Nesta terça, o presidente afirmou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que “está tudo acertado com o Moro, ele pode trocar (o diretor-geral, Maurício Valeixo) quando quiser”. Na corporação, a demissão já é encarada como certa, enquanto o ministro tentou se esquivar do assunto durante sua última aparição. Na semana passada, ele e o presidente tiveram uma “conversa áspera” que quase resultou em um pedido de demissão por parte do ex-juiz.

Tereza Cristina, ministra da Agricultura
Depois de representar o Brasil nas últimas articulações para o acordo entre Mercosul e União Europeia, Tereza Cristina preocupou-se com o efeito que os incêndios na Amazônia teriam sobre as negociações entre os blocos econômicos e sobre o agronegócio. Nos bastidores, ela demonstrou insatisfação com o posicionamento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que refletia as visões do próprio presidente.

Apesar do desconforto e de ter dito que Salles era “pouco maleável”, Cristina engrossou o coro do colega e de Bolsonaro, voltando seus esforços para as críticas ao posicionamento de Emmanuel Macron, presidente da França.

Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações
Um dos ministros mais “escondidos” da administração atual, Marcos Pontes protagonizou um desconforto com o presidente no início deste mês ao afirmar que os Correios não seriam privatizados, minutos antes de Bolsonaro ter confirmado a venda da estatal.

Ainda em março, Salim Mattar, secretário de desestatização já havia demonstrado frustração com as políticas do governo nessa área, afirmando que o ministro também “não quer privatizar nenhuma das estatais sob seu guarda-chuva”. No fim, Pontes acabou “cedendo” os Correios, assim como a Ceitec e a Telebrás.

Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil
Apesar de se mostrar alinhado com as decisões do Palácio do Planalto, a relação de Onyx Lorenzoni com Bolsonaro passou por um estremecimento em junho. Nos bastidores, o presidente teria se queixado que o ministro fazia o “jogo” do Legislativo, graças à sua aproximação com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

A preocupação de Bolsonaro seria passar a impressão de que o governo teria aceitado o “toma lá, dá cá” da “velha política”. Na mesma semana, ele afirmou que o Congresso tinha “superpoderes” e queria “deixá-lo como rainha da Inglaterra”.

Hamilton Mourão, vice-presidente
Hoje completamente alinhado às falas do presidente, Mourão já chegou a criticar uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro. Em janeiro, ele afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha que não via a flexibilização do porte de armas “como uma medida de combate à violência”.

Esse não foi o único ponto de discordância entre o presidente e seu vice. Ao jornal O Globo, Mourão também afirmou que o aborto seria uma decisão da mulher. A fala foi contra o discurso de Bolsonaro e da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, ambos contra a descriminalização da prática.

Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria Geral 
Exonerado com apenas 48 dias de governo, Bebianno esteve envolvido nos esquemas de candidaturas laranjas do PSL durante as eleições de 2018 e ainda se desentendeu com Carlos Bolsonaro, a quem atribuiu a culpa pela sua demissão.

Ainda assim, o atrito mais direto entre Bebianno e o presidente surgiu quando o ex-ministro resolveu se encontrar com Paulo Tonet Camargo, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, o que não foi visto com bons olhos por Bolsonaro.

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