Cúpula do Mercosul: Uruguai critica convite de Bolsonaro a Añez
Autodeclarada presidente da Bolívia, ex-senadora não foi ao encontro. Para os uruguaios, renúncia de Evo foi forçada
atualizado
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Enviada especial a Bento Gonçalves (RS) – O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, disse durante a reunião da Conselho do Mercosul que, na Bolívia, houve um colapso da ordem democrática com o que chamou de “renúncia forçada” de Evo Morales.
Ele criticou a posição do governo brasileiro de reconhecer como legítimo o governo interino de Jeanine Añez e solicitou à presidência temporária do bloco que ative o mecanismo da Cláusula Democrática do Mercosul, previsto no Protocolo de Ushuaia, de 1998, para que se analise as medidas a serem adotadas na Bolívia até que a ordem democrática seja totalmente restaurada.
Prestes a deixar o convívio com os demais integrantes do bloco, devido à eleição do candidato de oposição a Tabaré Vásquez, no Uruguai, Novoa exaltou a tranquilidade democrática existente em seu país, apesar de Lacalle Pou ter obtido pouco mais de 1% dos votos sobre a esquerda.
“Isso significa cerca de 30 mil votos. Mesmo assim, no outro dia, foi como se nada tivesse ocorrido”, disse o chanceler uruguaio. “Isso não se consegue com esse ou outro governo. É um trabalho de anos com a sociedade”, enfatizou, elogiando a estabilidade democrática no Uruguai.
Segundo Nóvoa há uma luta constante para reafirmar que o bloco está “vivo e que pode desenhar agendas modernas eficazes e de rápida solução”. “Nessa cúpula há dois governos que se concluem depois de eleições limpas e democrática. Os governos passam e as nações permanecem”, disse.
Novoa lembrou que seu país condenou da mesma forma as tentativas os “atropelos à institucionalidade” tanto no Equador, como no Chile e agora na Bolívia, assim como sempre condenou o desrespeito aos direitos humanos na Venezuela. “Independentemente de afinidades ideológicos precisamos continuar construindo consensos pelo benefício da nossa população”, defendeu.