Cunha: “Que os ventos de delatores não se transformem em tempestade”
O deputado que teve a cassação decretada pela Câmara na noite desta segunda-feira (12/9), publicou carta em que comenta a inocência do presidente do Senado, Renan Calheiros, e deseja que o parlamentar não seja afetado por delações
atualizado
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Cassado na última segunda (12/9) pelo plenário da Câmara, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) divulgou nota rebatendo os comentários do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em três parágrafos, Cunha reclama que matérias relevantes oriundas da Câmara não foram apreciadas pelo Senado e repete que as investigações da Operação Lava Jato não tiveram as mesmas consequências sobre Renan. Ao final, Cunha alfineta o colega de partido.
“Com todo desejo de sucesso ao presidente do Senado no comando da Casa, e acreditando na sua inocência, espero que os ventos que nele chegam através de mais de uma dezena de delatores e inquéritos no STF, incluindo Sérgio Machado, não se transformem em tempestade”, diz a nota. “E que ele consiga manter o cálice afastado dele”, finalizou.
Na sessão de cassação, Cunha reclamou que virou alvo prioritário das investigações. O ex-deputado é réu em dois processos no STF e é alvo de investigação em outras sete frentes. Já o senador não é réu, mas é investigado em 12 inquéritos no STF. “Eu não quero de forma nenhuma falar sobre isso (cassação de Cunha), mas quem planta vento, colhe tempestade, isso é uma lei da natureza”, comentou o presidente do Senado.
Nesta terça, Cunha disse que, durante o período em que presidiu a Câmara, não houve matérias de caráter relevante provenientes do Senado que não foram apreciadas pelos deputados, ao contrário do Senado, que não colocou em votação o projeto de terceirização, a redução da maioridade penal, a PEC da Reforma Política, entre outros projetos encampados por Cunha e aprovados pela Casa. “Esperamos que o Senado aprecie essas matérias”, destacou.
Cunha lembrou que a ação penal 982 – que envolve delações referentes às negociações de sondas da Petrobras – só atingiu a ele. “Os mesmos delatores, nas suas delações, acusam como beneficiários das supostas vantagens indevidas montando a US$ 6 milhões os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Delcídio Amaral e Silas Rondeau. Entretanto, a ação penal que deveria ser indivisível, segundo o Código Penal, foi aberta apenas contra mim”, lamenta o ex-parlamentar.