Cunha e Funaro devem ser interrogados nesta sexta-feira, em Brasília
Os dois acompanham oitivas na 10ª Vara Federal. Há previsão de que o ex-deputado e o operador financeiro sejam ouvidos ainda hoje
atualizado
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O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, retomou nesta sexta-feira (27/10) a oitiva dos réus na ação penal decorrente da Operação Sépsis, que investigou suposto esquema de corrupção no fundo de investimentos FI-FGTS, controlado pela Caixa. Na quinta (26), o ex-vice-presidente do banco Fábio Cleto prestou depoimento, mas ele ainda não respondeu a todos os questionamentos da defesa do ex-deputado Eduardo Cunha.
Funaro chegou ao prédio vestindo as roupas brancas do Complexo Penitenciário da Papuda, onde está detido. Ao entrar na sala de audiência, às 10h11, já estava com um blazer azul marinho, calça preta e camisa azul clara, listrada. Um minuto depois, Cunha estava à porta da sala trajando terno azul marinho, camisa branca e gravata azul clara. Como na véspera, carregava uma mala verde cheia de papéis.Assim como na quinta, Cunha e o operador financeiro Lúcio Funaro estão hoje novamente na 10ª Vara para acompanhar a oitiva de Cleto por videoconferência. O suposto operador de propinas do PMDB chegou às 9h09 ao prédio da Justiça Federal, na Asa Norte (imagem abaixo); às 9h30, desembarcou o ex-deputado (imagem em destaque). O depoimento do ex-vice-presidente da Caixa também será transmitido para Natal, a fim de que seja assistida por outro réu no processo: o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves. Depois de Cleto, serão ouvidos o empresário Alexandre Margotto e Eduardo Alves. Só então, se der tempo, falarão Cunha e Funaro.
Na véspera
Na primeira parte do seu depoimento, Fábio Cleto disse ao titular da 10ª Vara Federal ter partido de Eduardo Cunha sua indicação à vice-presidência da Caixa e acrescentou que Henrique Eduardo Alves validou a escolha. Funaro confirmou a informação. Na delação, o ex-presidente do banco revelou esquema de desvio de recursos da Caixa: a verba seria liberada para empresas em troca de propina ao grupo político liderado por Cunha, que ficaria com a maior parte do dinheiro desfalcado.
“Eu tinha condição de atrapalhar o andamento da empresa dentro da Caixa Econômica”, explicou Cleto. O executivo esteve na estatal de abril de 2011 a abril de 2015. Segundo ele, inicialmente, os repasses eram acertados com Funaro, mas após um desentendimento com o operador, a propina passou a ser negociada diretamente com Eduardo Cunha. De acordo com Fábio Cleto, dos R$ 3,5 bilhões liberados em 2011 pela Caixa para o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, 1,5% foi redirecionado a Cunha e aliados.
Preso há mais de um ano e respondendo pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional, Cunha cumpre pena em Curitiba (PR), mas está em Brasília desde setembro justamente para participar das oitivas na 10ª Vara. Na capital, permanece detido em uma cela da Delegacia de Polícia Especializada (DPE), no Parque da Cidade, e Funaro, no Complexo Penitenciário da Papuda.
O ex-deputado deve regressar para o Complexo Médico Penitenciário de Pinhais (PR) após cumprir seu compromisso com a Justiça em Brasília. Entre o sábado (28) e a próxima quarta-feira (1º), o ex-presidente da Câmara dos Deputados será levado de volta ao Paraná.