Crítico da “política do fecha tudo”, Bolsonaro já fala em “meio termo”
Presidente pediu para que prefeitos e governadores visitem comunidades para constatar realidade importa por medidas restritivas na pandemia
atualizado
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Pela primeira vez desde o início da pandemia do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou, nesta quinta-feira (8/4), em um “meio termo” ao se referir às medidas restritivas decretadas por prefeitos e governadores do país.
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro lembrou que, no início desta semana, esteve em São Sebastião (DF) para entregar chaves de um residencial a famílias de baixa renda. Segundo relato do presidente, de quatro pessoas que conheceu na ocasião, uma era aposentada e três estavam desempregadas.
“Eu gostaria que aqueles que acham que podem fechar sem se preocupar com o desemprego visitem as comunidades, entrem na casa delas, vejam o que tem dentro da geladeira, como sobrevivem, para ver se a gente vai para o meio termo, né, pelo menos no tocante a evitar que empregos sejam destruídos cada vez mais em nosso Brasil”, declarou Bolsonaro.
Crítico ao que chama de “política do fecha tudo”, o presidente sempre atacou medidas decretadas por prefeitos e governadores para frear o avanço da Covid-19. O país já chegou a 345.025 óbitos em decorrência da doença e acumula 13.279.857 casos de contaminação.
No ano passado, Bolsonaro afirmou que o isolamento social está funcionando apenas “para matar o comércio”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio Ministério da Saúde recomendam o isolamento e o distanciamento social como forma de frear o avanço da pandemia do coronavírus.
“Essa questão de ‘fica em casa, não saia’ não tá funcionando. Está servindo só pra matar o comércio. Se o povo não voltar a trabalhar teremos um caos na segunda onda”, disse o presidente, que costuma defender que o país tem dois problemas: o vírus e o desemprego.
Vacinação em massa
No ano passado, em diversas ocasiões, Bolsonaro afirmou que não tomaria a vacina porque já estava imunizado por ter sido infectado em julho – o que especialistas dizem não ser razão para evitar a imunização, pelo risco de reinfecção e disseminação do vírus.
Em outra oportunidade, em dezembro passado, ele argumentou que quem viesse a ser imunizado com a vacina da Pfizer poderia virar “jacaré”, se referindo a uma condição contratual que a empresa dos Estados Unidos estabelece para não se responsabilizar por eventuais efeitos colaterais após aplicação do imunizante. A prática é comum nas vacinações tradicionais.
Agora, o presidente tem defendido a “política da vacinação em massa”. O tom do chefe do Executivo segue crítico – com ataques a governadores que adotam medidas mais restritivas e em defesa de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19, por exemplo –, mas está mais ameno quando o assunto é imunização.
A mudança foi sugerida por auxiliares após o bunker digital do Planalto ter identificado uma queda no engajamento de apoiadores nas redes diante da postura contra a vacina, além de uma diminuição da popularidade do presidente.