Críticas de Lula fazem aliados de Bolsonaro saírem em defesa do BC
Bolsonaro não reage às críticas de Lula ao Banco Central (BC), mas aliados têm defendido a autoridade monetária e Roberto Campos Neto
atualizado
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Apesar do silêncio de Jair Bolsonaro (PL) sobre as duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central (BC) e à taxa básica de juros, aliados do ex-presidente têm reagido e defendido a autonomia do BC e a atuação do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) elogiou Campos Neto, indicado por seu pai antes de o BC se tornar independente, e disse que se não fosse pela atuação do Banco Central, a inflação “já teria explodido”.
Campos Neto foi eleito o melhor Presidente de Banco Central da América Latina e do mundo!
Se os juros não caem a culpa é do boquirroto Lula e de quem acreditou que ele viria para “pacificar” o Brasil.
Se não fosse o BC, com 1 mês de desgoverno a inflação hoje já teria explodido. pic.twitter.com/i8YX8CwPJI— Flavio Bolsonaro #B22 (@FlavioBolsonaro) February 8, 2023
Outro senador, o ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro Ciro Nogueira (PP-PI), também criticou as declarações do petista e disse que elas geram efeito reverso no mercado.
Quem já foi presidente duas vezes, está na terceira vez, seu partido esteve cinco vezes no Planalto SABE que atacar o BC e os juros só tem um efeito: Bolsa cai, dólar e juros sobem. A questão é: pode ser por acaso?
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) February 7, 2023
Fala mal do ex, fala mal do teto, mal até do Alvorada, fala mal da Eletrobras, mal de empresários, mal dos juros, fala mal do BC. Governo é para fazer o bem e não para ficar falando mal. 1 mês depois, o Brasil ainda aguarda a posse do novo governo.
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) February 8, 2023
Nesta semana, Lula voltou a criticar a manutenção da taxa básica de juros da economia em 13,75%. Ele também cobrou “responsabilidade” do presidente Roberto Campos Neto.
“Não é possível que esse país volte a crescer com a taxa de juros de 13,75%”, disse Lula, no fim da manhã de terça-feira (7/2), em café com comunicadores.
As críticas de Lula têm perturbado o mercado financeiro e impactado negativamente as negociações na Bolsa de Valores e a cotação do dólar, o que tem levado mesmo integrantes do governo, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a tentar baixar o tom.
As falas do petista são uma mudança na estratégia de críticas aos juros nesse terceiro mandato, em relação às suas duas primeiras gestões à frente do Palácio do Planalto.
Campos Neto defende a autonomia do BC
O presidente do Banco Central não respondeu diretamente às críticas que tem recebido de Lula, mas usou sua fala em um evento do qual participou nos Estados Unidos na última terça para dizer que a autonomia do BC é boa para o país.
“A principal razão da autonomia da autonomia do BC é desconectar a política monetária do ciclo político. Porque eles têm clientes e interesses distintos. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, e menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”, disse Campos Neto.
Em janeiro deste ano, uma foto feita pela fotojornalista Gabriela Biló, da Folha de S.Paulo, mostrou que Campos Neto ainda integrava um grupo de WhatsApp de ex-ministros de Bolsonaro.