Crise de identidade: 17 parlamentares já mudaram de nome este ano
Patentes militares estão entre as principais vítimas de cortes nas identificações: caíram dois capitães, um major, um cabo e um sargento
atualizado
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O nome, seja o de batismo ou o “artístico”, é um patrimônio muito importante para pessoas públicas, sobretudo para políticos, que usam a própria identidade para fazer campanha e angariar votos. Apesar disso, neste primeiro ano da atual legislatura, 17 parlamentares eleitos para o Congresso Nacional trocaram o nome pelo qual se elegeram. E as principais “vítimas” das trocas foram patentes militares e outra identificações de profissões.
Entre as patentes, foram cortados dois capitães, um cabo, um sargento e um major, que é o líder do governo na Câmara, o agora apenas Vitor Hugo (PSL-GO, na foto em destaque). Também deixaram de constar nos nomes parlamentares dois professores, um pastor e o “do Vôlei” da senadora pelo DF Leila (PSB), que agora é Leila Barros. (Veja todas as trocas nos dois quadros abaixo).
Para mudar o nome público, o parlamentar precisa fazer um pedido para a Mesa Diretora da Câmara ou do Senado. Foi o que fizeram, em 2018, parlamentares petistas que queriam se solidarizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia sido preso, e pediram a inclusão da palavra “Lula” em seus nomes parlamentares. Não é preciso justificar o pedido e, quando a mudança é realizada, aparece nas comunicações oficiais do Congresso, como no painel de votações.
E foi justamente o nome que aparece nesse painel que motivou a mudança pedida pelo deputado federal Junio Amaral (PSL-MG), que era Cabo Junio Amaral quando foi eleito. “Não cabem três nomes no painel e ficava abreviado, cada dia uma abreviação diferente e tivemos em Minas outro deputado com o nome Cabo Junio, então estava causando uma confusão. Foi só por isso, nas minhas redes sociais eu ainda uso o Cabo”, explica.
A explicação é parecida com a do deputado federal Luizão Goulart (Republicanos-PR), que tirou o “professor” que usou na campanha. “Eu tive que optar porque ficou muito comprido, não cabe nas plaquinhas que nos identificam nas comissões, por exemplo”, narra, garantindo que não quer esquecer o período como professor de história e filosofia. “Eu sigo representando os professores e sou muito atuante nas questões relativas à educação. É o meu campo.”
Na contramão das mudanças porque o nome estava grande demais, há o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que era apenas Paulo Martins no início da legislatura. “Eu inicialmente usava os três nomes, inclusive nas minhas redes sociais, mas passei a fazer comentários políticos na TV e eles colocavam só ‘Paulo Martins’, acho que para caber melhor. Então acabei adotando e fiz campanha como Paulo Martins”, conta. “Mas então eu percebi que quando era convidado para dar alguma palestra ou participar de evento, era mais comum usar o Paulo Eduardo Martins. Então eu vi que estava mais consolidado e resolvi adotar na Câmara também”, conta.
Em nota, a agora senadora Leila Barros, explicou que optou por usar seu sobrenome em respeito à formalidade do cargo, da mesma forma como o fez quando foi secretária do Governo do Distrito Federal. “A senadora tem muito orgulho da sua trajetória no Esporte e jamais deixará de ser a Leila do Vôlei. É com este nome que os eleitores podem acompanhar o mandato pelo site e redes sociais”, destaca o texto.