CPMI pede quebra de sigilos de ex-procurador e delatores da JBS
Alvos são Marcelo Miller, Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva. Parlamentares querem saber se Miller favoreceu empresa
atualizado
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Depois de adiar o início da tomada de depoimentos de investigados, os integrantes da Comissão Parlamentar Mista da JBS aprovou, na tarde desta terça-feira (15), 15 requerimentos com pedidos de informação e quebra de sigilos telefônico e bancário de pessoas ligadas à multinacional. Dentre os alvos, o ex-procurador da República Marcello Miller; o dono da JBS Joesley Batista; o ex-executivo da empresa Ricardo Saud e o advogado do grupo Francisco de Assis e Silva.
No caso de Miller, será solicitada a transferência do sigilo bancário, telefônico e do e-mail. Batista, Saud e Assis e Silva terão quebrados os sigilos telefônicos. Os parlamentares também concordaram em pedir informações relativas a torres de telefonia, o que permitirá indicar o local onde cada um desses quatro alvos estava em determinado momento. O objetivo é esclarecer se eles se encontraram em determinadas ocasiões.
A CPI também aprovou requerimentos para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) levante todos os empréstimos para o grupo J&F e empresas ligadas, além de apresentar cópias das transações financeiras. Já ao Banco Central será pedido compartilhamento das análises de risco produzidas referentes a essas operações.
Adiamento
Mais cedo, a comissão adiou desta quarta-feira (27/9) para os próximos dias 3 e 4/10 o início da fase de tomada de depoimentos. O procurador da República Ângelo Goulart Villela e o advogado Willer Tomaz de Souzas serão ouvidos no dia 4: Willer Tomaz já confirmou presença.
O presidente da CPMI, Ataídes Oliveira (PSDB/TO), disse ao Metrópoles que o adiamento é resultado da semana agitada no Congresso Nacional. No entanto, a reportagem apurou que o procurador Ângelo Goulart teria ficado “chateado” por ter sido convocado pela comissão, e não apenas convidado a prestar esclarecimentos. Ângelo acredita que, devido ao seu cargo na PGR, não poderia ser obrigado a comparecer, visto que o não atendimento a uma convocação pode resultar em condução coercitiva do depoente pela Polícia Federal.
O advogado e o procurador são acusados de utilização de cargo público em benefício do grupo JBS. Willer Tomaz teria aliciado Ângelo Goulart para que ele repassasse informações privilegiadas sobre as investigações da Operação Greenfield — que apura rombo bilionário nos maiores fundos de pensão do país e favorecimento a uma empresa de celulose controlada pelo conglomerado J&F, holding controladora da JBS. Os dois foram presos em 18 de maio, mas liberados em 1º de agosto.