“CPMI é liderada por quem passou pano para terrorismo”, diz Padilha
Ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha foi à Câmara logo após Rodrigo Pacheco adiar sessão que leria requerimento de CPMI
atualizado
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Ministro de Relações Institucionais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Alexandre Padilha foi à Câmara dos Deputados nesta terça-feira (18/4) se encontrar com líderes das federações e partidos de esquerda. Ele defendeu o interesse da atual gestão em esvaziar assinaturas do pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), cujo objetivo é investigar os atos terroristas ocorridos em 8/1.
“É uma proposta de CPMI liderada por quem passou pano no dia 8 de janeiro. Não é uma proposta de quem quer apurar quem é responsável, quem financiou e quem mobilizou aquele ato de terrorismo. Os líderes vão continuar conversando com os parlamentares, o que está sendo muito bem sucedido. Vários parlamentares estão se convencendo”, disse Padilha.
Pouco antes, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) adiou a sessão conjunta do Congresso Nacional prevista para esta terça, na qual deputados e senadores analisariam uma série de vetos presidenciais. Ele atendeu a um pedido da base do governo Lula, que intensificou a ofensiva contra as assinaturas nessa segunda-feira (17/4).
Como a instalação da CPMI é automática, uma vez atingidas as assinaturas mínimas, o presidente do Senado precisa ler o requerimento no início da sessão. Dessa forma, lideranças governistas apontaram necessidade de discussão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) de um dos vetos que seriam analisados pela sessão conjunta do Congresso Nacional. Isso deu tempo ao governo para tentar esvaziar o pedido.
O ministro negou descompasso das lideranças do governo, diante da iminência de instalação da CPMI nesta terça. “O pedido, desde o começo, vai [no entendimento] de não votar os PLNs porque a CMO não funciona esta semana. Como não se poderia apreciar os projetos de crédito orçamentário, a gente poderia adiar a sessão no Congresso. O tema central da sessão é exatamente a aprovação dos créditos para cumprir o piso nacional da enfermagem”, comentou.
Padilha também defendeu o julgamento das 1.390 pessoas acusadas de participação nos atos terroristas. “É fundamental que a Justiça cumpra o seu papel, na medida que quem tem evidência de participação dos atos, seja devidamente condenado. A apuração continua sendo feita pela Polícia Federal, para rastrear e punir, de maneira correta, quem atentou contra a democracia”, disse o ministro.
Governabilidade
O ministro de relações institucionais ainda comentou a formação dos dois blocos parlamentares na Câmara dos Deputados nas últimas semanas.
O primeiro, formado pelo Podemos, MDB, PSD e Republicanos, tem 142 parlamentares e é liderado por Fabio Macedo (Podemos-MA). O segundo, com 173 deputados, é formado por União Brasil, PP, PSB, PDT, federação PSDB-Cidadania, Avante, Patriota e Solidariedade, tem liderança rotativa, com Felipe Carreras (PSB-PE) sendo o primeiro líder.
“São blocos liderados por parlamentares que compõem o governo, defendem o governo e podem ampliar o diálogo com partidos de oposição, para aprovar os projetos prioritários. (…) Acho que a formação gera impacto positivo para o governo, pois são liderados por quem compõe, participa e tem cargos no governo”, disse Padilha.
Questionado por jornalistas, ele afirma que a formação dos blocos não deve acelerar, porém, a distribuição de cargos no segundo e terceiro escalão do governo. Segundo o ministro, a gestão ainda está recebendo as sugestões os ministérios, realizando entrevistas e avaliando os currículos apresentados.
“Não é uma questão política, de qualquer estratégia de represamento. Nós estamos dispostos, na montagem do governo, fizemos a proeza de recriar os ministérios que tinham deixado de existir, sem aumentar despesa”, concluiu.