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CPMI da JBS pressiona Ministério Público e órgãos de controle

Metade dos convocados pela comissão pertence às entidades que apuram delações. Para relator, é preciso “investigar quem investiga”

atualizado

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1 de 1 cpmi - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Levantamento feito pelo Metrópoles aponta que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS poderia facilmente se chamar CPMI do Ministério Público Federal (MPF) ou mesmo dos órgãos de controle do Brasil. Isso porque, dos 118 requerimentos que constavam na pauta da última reunião do colegiado, realizada na quinta-feira (21/9), ao menos metade pedia informações ou convocações de membros dessas instituições.

São cerca de 60 requerimentos voltados para integrantes do MPF, da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e até do Tribunal de Contas da União (TCU). Aparecem ainda na lista convocações para a Receita Federal, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e do Banco Central.

O restante dos pedidos se refere a investigados da JBS e representantes de instituições que possam ter sido lesadas ou participado indiretamente dos crimes que envolvem a empresa, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal e a Petrobras. Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), os números deixam claro a intenção da CPMI.

Eles querem atacar as delações e o o próprio MP. A intenção é livrar os políticos que aparecem na Lava Jato, lançando suspeitas sobre a atuação de Janot e seu grupo, podendo, assim, alterar a lei que trata das delações

Senador Randolfe Rodrigues

Ainda de acordo com o senador, menos de 10% dos requerimentos são dirigidos aos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e demais executivos da empresa. Alegando que a CPMI busca uma retaliação ao Ministério Público Federal, Randolfe Rodrigues entrou, na quarta-feira (20), com pedido no Supremo Tribunal Federal para que os trabalhos da comissão sejam suspensos enquanto houver “convocações que querem calar o MPF”. A ação ainda não foi analisada pelo ministro Dias Toffoli, responsável por sua apreciação.

Para o relator da CPMI, Carlos Marun (PMDB-MS), o colegiado pretende apenas passar a limpo o acordo firmado entre a Procuradoria-Geral da República e os irmãos Batista, porque “já está na hora de investigar quem nos investigou”.

Eu considero escandaloso esse acordo de colaboração premiada da PGR e o grupo JBS. Eu não acho normal eles [Wesley e Joesley] terem conquistado perdão total no primeiro momento. Por isso eu quero investigar, aprofundar nas discussões

Deputado Carlos Marun, relator da CPMI

Desistências
A CPMI da JBS foi tirada do papel no último dia 5, depois que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot passou a investigar a delação premiada dos irmãos Batista. Na semana passada, quatro senadores – Ricardo Ferraço (PSBD-ES), Cristovam Buarque (PPS-DF), Dário Berger (PMDB-SC) e Otto Alencar (PSD-BA) – deixaram a comissão após Carlos Marun ser eleito relator.

O nome de Marun foi uma exigência do PMDB, partido que tem mais cadeiras no Congresso Nacional. Porém, o deputado é apontado por oposicionistas como um “instrumento” do Palácio do Planalto para atacar os delatores da JBS e Janot.

Formalmente, a comissão tem o objetivo de investigar contratos da empresa com o BNDES e o acordo de delação premiada firmado entre os irmãos Batista e o Ministério Publico Federal.

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