CPI vai sugerir indiciamento de Bolsonaro por charlatanismo
O pedido decorre da defesa do mandatário do país para o uso de medicamentos ineficazes no tratamento da Covid-19
atualizado
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O comando da CPI da Covid-19 decidiu, em almoço realizado nesta quarta-feira (11/8), que vai sugerir o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por charlatanismo e curandeirismo, além de publicidade enganosa. A informação foi noticiada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e confirmada pelo Metrópoles.
O indiciamento decorre da defesa do mandatário da país pelo uso de medicamentos ineficazes no tratamento da Covid-19.
A decisão ocorreu durante intervalo na sessão desta quarta, em que os senadores colhem o depoimento do CEO da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista, que lucrou com a venda de ivermectina na pandemia.
A decisão parte de consenso entre o comando da CPI da Covid. No almoço, estavam os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
“Cobaia”
Durante a sessão, Randolfe reforçou a gravidade do uso desmedido dos remédios comprovadamente ineficazes e acusou Bolsonaro de “usar o povo de cobaia”.
“Tudo isso foi incentivado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e,pelo presidente Jair Bolsonaro, e o povo de Manaus, do Amazonas, lamentavelmente foi feito de cobaia com esse tipo de tratamento [precoce], com alguns lucrando. Alguns lucrando à custa das mortes de brasileiros”, disse o vice-presidente do colegiado.
“Curandeiro”
O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que “Bolsonaro atuou como se fosse um curandeiro”. “Anunciou cura infalível para uma doença em que isso efetivamente não existe. Eu já falei com o relator e eu sei o que ele vai fazer. Ele vai indiciá-lo pelo descumprimento do Código Penal, no art. 284: prescrever, ministrar ou aplicar qualquer substância com o discurso de que é milagrosa ou infalível. Vai ser indiciado, sim”, enfatizou o petista.
Ainda de acordo com Costa, o chefe do Executivo violou, por pelo menos 18 vezes, resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que regulamenta a publicidade e propaganda de medicamentos.
“Uma vez, mostrou uma caixa querendo dar cloroquina pra uma ema. Esse é o grande responsável. Esse é o grande responsável pela tragédia sanitária”, completou o senador.