CPI vai apurar compra de vacina chinesa intermediada por empresa investigada
Ministério da Saúde negociou compra de 60 milhões de doses da CanSino com apoio de empresários próximos ao presidente Jair Bolsonaro
atualizado
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A CPI da Covid vai investigar a negociação de 60 milhões de doses da vacina chinesa CanSino, feita pelo Ministério da Saúde, no valor de R$ 5 bilhões. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com a reportagem, a negociação foi intermediada por uma empresa investigada pela Polícia Federal e apoiada por empresários próximos ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como Carlos Wizard e Luciano Hang.
A exemplo do processo de compra da vacina indiana Covaxin, feito com uma empresa intermediária, não diretamente com o laboratório, a negociação da CanSino foi feita por meio da Belhcer Farmacêutica (leia mais abaixo).
Em junho, o Ministério da Saúde assinou uma carta de intenções com a farmacêutica. O acordo previa o pagamento de US$ 17 por dose – valor mais alto negociado pelo governo até o momento para uma dose de vacina contra a Covid-19. O contrato ainda não foi fechado e nenhum valor foi pago.
Segundo “O Globo”, a empresa é investigada por desvios de verbas na compra de testes para diagnóstico da Covid-19 pelo governo do Distrito Federal.
As investigações revelaram que a Belcher teria fornecido propostas fictícias em um processo de dispensa de licitação.
Covaxin
Na semana passada, a CPI da Covid iniciou uma nova linha de investigação, dessa vez voltada para apurar denúncias de corrupção no processo de negociação da Covaxin.
A comissão apura por que o governo agilizou os trâmites na compra da vacina indiana. Segundo um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério da Saúde levou 97 dias para fechar o contrato, enquanto demorou 330 dias para ter um acordo com a Pfizer.
Além disso, de acordo com documentos do TCU, a Covaxin foi a mais cara negociada pelo governo federal, custando US$ 15 a unidade. O valor é quatro vezes maior que o da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a AstraZeneca, por exemplo.
O contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para compra da Covaxin foi o único acordo do governo que teve um intermediário sem vínculo com a indústria de vacinas – o que foge do padrão das negociações e contratos de outros imunizantes.
O Ministério da Saúde firmou um contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses. O valor ainda não foi pago, mas está empenhado (reservado para desembolso), e as doses não foram importadas para o Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro foi alertado sobre as supostas irregularidades. Durante sessão da CPI na noite dessa sexta-feira (25/6), o nome do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) foi citado em depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF).
Segundo Miranda, Barros foi mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como o “dono do rolo” no processo de negociação da Covaxin.