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CPI ouve Carlos Wizard sobre “ministério paralelo” e compra de vacinas

Empresário prestará depoimento numa fase diferente da comissão, que, agora, investiga corrupção na aquisição de imunizantes

atualizado

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Carlos Wizard
1 de 1 Carlos Wizard - Foto: Reprodução/Instagram

A CPI da Covid ouve, nesta quarta-feira (30/6), o empresário Carlos Wizard sobre sua participação no “ministério paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19 e o papel dele nas negociações para aquisição de vacinas. Wizard prestará depoimento em uma fase da CPI diferente daquela na qual, inicialmente, deveria ter comparecido, no último dia 17 de junho.

Agora, a CPI entrou na etapa de investigar corrupção na compra de vacinas, após as denúncias de supostas irregularidades nas negociações da Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Some-se a isso a acusação feita pelo representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, de ter recebido do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com a pasta.

Os senadores querem entender a relação de Wizard com a Belcher Farmacêutica, que seria a intermediária da vacina Covidencia, desenvolvida pelo laboratório chinês CanSino Biologics. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), contudo, avisou, nesta segunda-feira (28/6), ter encerrado o processo de autorização temporária de uso emergencial do imunizante.

Ao menos 12 empresas ligadas a Wizard tiveram sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático quebrados pela comissão. Há suspeita de envolvimento do empresário não apenas no financiamento do “ministério paralelo”, mas também na promoção de medicamentos sem comprovação de eficácia para a Covid-19 e na compra de vacinas.

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O empresário Carlos Wizard
Luciano Hang e Carlos Wizard
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Carlos Wizard ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello

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No ano passado, após sugerir “recontagem dos mortos”, porque estados estariam inflando os números de óbitos, o empresário declinou de participar como conselheiro do Ministério da Saúde e de assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, na gestão Eduardo Pazuello. Wizard continuou, porém, participando extraoficialmente do governo.

A médica Nise Yamaguchi afirmou, no último dia 1° de junho, que Wizard e ela participaram da criação de um conselho consultivo independente. O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco informou, no dia 9 de junho, que se reuniu com Wizard e Luciano Hang para tratar da ideia de compra de vacinas por entes privados.

O Congresso Nacional aprovou a autorização de aquisição de imunizantes por empresas, sob a condição de que sejam doados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Wizard e Hang articularam para tentar evitar a cláusula.

Adiamento

Wizard prestaria depoimento no último 17 de junho à CPI, mas não compareceu. Ele pediu para fazer por videoconferência, o que foi recusado pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). O empresário entrou com habeas corpus para permanecer em silêncio durante a oitiva e, apesar de ter conseguido a vitória na Justiça, não compareceu.

Diante da ausência injustificada do depoente, o presidente da CPI da Covid solicitou apreensão do passaporte e condução coercitiva do empresário, que estaria nos Estados Unidos. Os advogados dele contataram a comissão e, em acordo, marcaram a oitiva para esta quarta-feira.

O empresário chegou, na segunda-feira (28/6), ao Brasil e entregou o passaporte à Polícia Federal.

Requerimentos

Antes, os senadores votarão requerimentos. Um dos mais esperados é o de convocação do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

O nome de Ricardo Barros foi citado pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) em depoimento à CPI na sexta-feira passada (25/6). Segundo Miranda, o presidente Jair Bolsonaro mencionou Barros como envolvido no esquema da compra da vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Barros nega participação.

Luis Miranda prestou depoimento ao lado do irmão Luis Ricardo, na sexta-feira, e ambos denunciaram um suposto esquema na contratação do imunizante indiano. Ambos contaram ter se reunido com o presidente Bolsonaro em 20 de março, no Palácio da Alvorada, para fazer a denúncia.

Os senadores também querem convocar dois servidores do Ministério da Saúde, Regina Célia e Thiago Costa, ligados a Barros e que tiveram participação na negociação da Covaxin, e dois funcionários da Precisa, Túlio Silveira e Emanuela Medrades.

Depoimentos

Na quinta-feira (1°/7), a comissão ouvirá o empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos – intermediária da negociação entre o laboratório indiano e o Ministério da Saúde. Ele prestaria depoimento na última quarta-feira (23/6), mas alegou estar em quarentena após retorno da Índia.

Maximiano também é sócio da Global Gestão em Saúde, e responde, ao lado de Barros, por improbidade administrativa no Ministério Público Federal (MPF).

Na época em que Barros era ministro da Saúde, a Global venceu uma licitação, mesmo sem ter aval da Anvisa, para fornecer medicamentos de doenças raras, recebeu R$ 20 milhões adiantados e não entregou os remédios.

Propina sobre vacinas

Na noite dessa terça-feira (29/6), a repórter Constança Rezende, do jornal Folha de S.Paulo, revelou que o representante da empresa de vacinas Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

A proposta teria partido do diretor de Logística do Ministério, Roberto Ferreira Dias, durante um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, região central da capital federal, no dia 25 de fevereiro.

Como saldo da denúncia, Ferreira Dias será exonerado do cargo. O Ministério da Saúde confirmou a saída do funcionário ao Metrópoles. A exoneração está prevista para ser publicada nesta quarta-feira (30/6) no Diário Oficial da União.

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