CPI ouve auditor que fez “estudo paralelo” sobre mortes na pandemia
Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques é apontado como autor de documento que apontava suposto superdimensionamento de mortes por Covid-19
atualizado
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A CPI da Covid-19 ouve, na manhã desta terça-feira (17/8), Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor afastado do Tribunal de Contas da União (TCU). Marques é apontado como autor de “estudo paralelo” que apontava suposto superdimensionamento do número de vítimas fatias do novo coronavírus no país.
O documento, sem embasamento, foi utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para questionar e colocar em dúvida o montante de mortos pela Covid-19 em solo nacional desde o início da pandemia.
Inicialmente, o depoimento de Marques estava marcado para ocorrer em 17 de junho, mas precisou foi adiado. A expectativa é de que o auditor esclareça, nesta terça, de quem teria partido o pedido para criar o relatório e com qual finalidade.
Alexandre Marques é filho do coronel da reserva Ricardo Silva Marques, colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e que foi indicado a uma diretoria na Petrobras. O auditor revelou que enviou o arquivo do relatório, via WhatsApp, ao pai, que teria repassado o mesmo arquivo ao presidente.
Em depoimento, prestado à corregedoria do TCU no dia 28 de julho, o auditor disse acreditar que o documento foi editado, possivelmente quando chegou à Presidência da República. Segundo ele, o documento usado por Bolsonaro e elaborado por ele tratava-se de um arquivo em Word, sem identidade visual, logomarcas, datas ou assinatura do tribunal.
Mudança de última hora
Antes de ouvir o auditor do TCU, os senadores que integram a comissão tinham expectativa por colher o depoimento do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo. Ele, contudo, informou que não poderia comparecer à oitiva, uma vez que está viajando em Manaus (AM).
Parlamentares relatam que a viagem de Araújo teria sido marcada, estrategicamente, de última hora para evitar sua ida ao Senado Federal. À coluna Janela Indiscreta, o ex-secretário negou que estivesse fugindo da intimação a depor.
“Eu nunca despistei ninguém da CPI, nem sequer sabia que poderia ser intimado pessoalmente para depor. Tive autorização judicial para viajar e ficar com meus dois filhos, em Manaus. Emiti a passagem no dia 03 de agosto, para embarcar na noite de quinta (12/8), quando passei o dia fora de casa e voltei apenas para buscar minhas bagagens para ver meus gêmeos. Uma viagem dessa não de decide de uma hora para outra”, disse Araújo ao Metrópoles.
A CPI da Covid objetivava, com o depoimento do ex-secretário, detalhar como foi a participação da Precisa Medicamentos, também alvo das investigações, na compra de 150 mil testes de Covid-19 a um valor de quase R$ 21 milhões. Ainda não há uma nova data para o depoimento de Araújo.