CPI: Marconny Faria é “o senhor de todos os lobbies”, diz Randolfe Rodrigues
Esperado para depor nesta quinta, o lobista não deve comparecer ao depoimento. CPI requisitou condução sob Vara do investigado
atualizado
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O vice-presidente da CPI da Covid-19, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou, nesta quinta-feira (2/9), que o colegiado tem “vasto material probatório” da atuação do lobista Marconny Nunes Ribeiro Albernaz Faria em vendas de insumos ao Ministério da Saúde.
Para o senador, as provas colhidas pelos parlamentares serviram como um dos motivos que levaram o depoente a fugir da oitiva. A Polícia Legislativa trabalha para localizá-lo.
“Ele não é lobista somente da Precisa Medicamentos. Esse é o senhor de todos os lobbies, está presente em variados esquemas, sobretudo, no Ministério da Saúde e desde o ano passado”, explicou.
Randolfe afirma que as investigações apontam uma estreita relação entre o lobista e pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Não se trata de um lobista apenas de uma farmacêutica, ele tem atuação direta no Ministério da Saúde e com diálogos e atos com pessoas próximas do presidente da República, com contatos com pessoas próximas ao Presidente da República”, disse.
Reportagem da Folha de S.Paulo noticiou que Jair Renan Bolsonaro, filho 04 do presidente, abriu a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia com a ajuda de Marconny. A informação consta em troca de mensagens enviadas à CPI pela Procuradoria-Geral do Pará.
Diante dos indícios de envolvimento do lobista a pessoas ligadas ao presidente, Randolfe defendeu que os trabalhos do colegiado não se encerrem até que Marconny seja ouvido. A expectativa inicial era de encerrar a CPI da Covid-19 ainda na primeira quinzena de setembro. A tendência, agora, é de que esse prazo seja prorrogado.
“Nós não descartamos nenhuma hipótese, principalmente diante dessa subversão às investigações. Há uma clara estratégia de fugir desta comissão parlamentar de inquérito”, completou.
Monitoramento
A CPI já esperava que o lobista não aparecesse para depor nesta quinta. Diante das suspeitas de que ele se abstivesse, os senadores solicitaram que a Polícia Legislativa o monitorasse. Antes, a defesa de Marconny havia tentado adiar o depoimento, apresentando um atestado médico do hospital Sírio-Libanês, alegando dor pélvica.
Em contato com a direção do hospital, os parlamentares descobriram que Marconny tentou “simular” o quadro de saúde e, por isso, o médico responsável pelo atendimento do lobista decidiu anular o documento.
Prisão
Mais cedo, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), recebeu o advogado do depoente. O objetivo era demover o colegiado de ouvi-lo nesta semana. A investida não satisfez a cúpula da CPI, que requisitou a condução sob Vara do depoente.
Para Randolfe, caso Marconny não apareça, será o caso de pedir a prisão preventiva dele. “Há a necessidade da prisão preventiva de conturbar ordem pública e de prejudicar as investigações, de obstruir as investigações”, enfatizou.
O pedido de prisão preventiva deverá ser requisitado pela comissão a uma autoridade de 1ª instância. Caso seja aceito, haverá uma comunicação às autoridades policiais, incluindo as internacionais, como a Interpol, e o depoente passa a ser considerado foragido.