CPI: empresário admite ter financiado instituto que negociou vacina com governo
Otávio Fakhoury é contrário às vacinas. Negociação entre supostos intermediários de vacina e governo é investigada pela comissão
atualizado
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O empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, que se diz contrávio à vacinação, admitiu, nesta quinta-feira (30/9), que financiou o Instituto Força Brasil, responsável por tentar intermediar a negociação de vacinas entre a Davati Supply Medical e o Ministério da Saúde. Fakhoury é vice-presidente do instituto.
O presidente do instituto, Hélcio Bruno, foi a pessoa responsável por aproximar os representantes da empresa e integrantes do governo, como o então secretário-executivo, Élcio Franco. A Davati se dizia representante da vacina AstraZeneca, o que foi negado pela farmacêutica. Esta, inclusive, é outra linha de investigação da CPI da Covid-19.
“O Hélcio já o tinha de forma informal. No ano passado, ele me procurou porque queria formalizar o instituto e me apresentou os estatutos. Eu combinei, prometi fazer um aporte no instituto para custear o instituto por um período até que ele estivesse operando e estivesse com a captação, estivesse com os membros para que ele pudesse andar por conta própria”, afirmou Fakhoury.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ironizou o fato de ele ser contra a vacina e pertencer ao instituto que intermediou a compra de imunizantes. “O senhor continua no instituto mesmo sabendo que o presidente quis vender vacina que você é contra?”, alfinetou Aziz. “O presidente desse instituto tentou vender vacina. O senhor não se vacinou e disse que sua família não vai se vacinar”, acrescentou.
O Força Brasil é uma instituição conservadora criada em 2014 e que se define como “pró-vida”, “pró-família”, “pró-armas” e “pró-liberdade”. Contudo, não tem qualquer relação com a área da saúde.
Fakhoury é apontado como financiador de campanhas de disseminação de informações falsas sobre a pandemia do novo coronavírus.
O nome do bolsonarista entrou no radar da CPI após a quebra de sigilos bancário, fiscal, telemático e telefônico dos canais acusados de propagarem notícias inverídicas. Movimentações levantadas pela Receita Federal e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontam transações e financiamentos de Fakhoury a estes canais.