CPI do MEC: Randolfe tenta repetir resultado da CPI da Covid
Oposição quer obter maioria na comissão parlamentar que deve investigar a gestão de Milton Ribeiro no Ministério da Educação
atualizado
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Enquanto vive a expectativa pela instalação da CPI do MEC, o líder da oposição no Senado Federal, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tem articulado nos bastidores para repetir o resultado que lhe assegurou controle do rumo das investigações na CPI da Covid-19.
Antes mesmo de protocolar o requerimento de instalação do colegiado, o senador já trabalhava para alavancar indicações de parlamentares contrários ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O objetivo é obter uma composição majoritariamente opositora ao governo na Comissão Parlamentar de Inquérito.
Tendo a maioria do colegiado, a oposição conseguiria driblar eventual obstrução governista aos trabalhos da comissão parlamentar. Foi assim que Randolfe, Omar Aziz (PSD-AM), e Renan Calheiros (MDB-AL) conseguiram ditar a atuação do colegiado instalado em abril de 2021, e que resultou na sugestão de indiciamento do presidente da República.
Diferentemente do cenário posto à época, a tarefa do líder da oposição é mais complicada desta vez. Líderes ouvidos pelo Metrópoles apontam que pesa contra a articulação do senador a sua própria atuação na CPI da Covid. Além disso, há uma avaliação de que o G7 – como ficou conhecido o grupo de senadores que comandou o colegiado no auge da crise sanitária – “pesou a mão” em alguns momentos, antecipando a disputa eleitoral deste ano.
À reportagem, os senadores também criticaram o envolvimento do oposicionista na coordenação direta da campanha de Lula (PT). Sobre este assunto, o líder da oposição já externou que não pretende acumular a coordenação da campanha e uma eventual cadeira na CPI do MEC.
“Eu avalio, sinceramente, deixar a campanha do ex-presidente Lula. Será incompatível acumular as duas funções, e esta é uma escolha futura que terei que fazer. Acho totalmente incompatível”, defendeu o senador da Rede, na oportunidade.
Dança das cadeiras
Tudo dependerá, porém, do encaminhamento do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sobre a instalação da comissão. Recentemente, o senador mineiro afirmou que levará a questão ao colégio de líderes antes de decidir sobre a instauração do colegiado. Pacheco também admite a possibilidade de juntar esta CPI com uma segunda comissão parlamentar governista, que se propõe a investigar obras financiadas com dinheiro da pasta nos governos do PT.
Com as críticas e obstáculos postos à mesa, o objetivo da maior parte das bancadas do Senado é, portanto, adotar um perfil “mais neutro” na composição da CPI do MEC. Dessa costura, surgem nomes como do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), Daniella Ribeiro (PSD-PB) e Carlos Fávaro (PSD-MT). Estes, que se consideram independentes a Bolsonaro, deverão se somar às indicações do PL e PP, mais alinhados ao governo.
Na ala opositora, são nomes tidos como certos para compor a comissão, são eles: Renan Calheiros (MDB-AL), Marcelo Castro (MDB-PI), Alessandro Vieira (PSDB-SE), Jean Paul Prates (PT-RN) e o próprio Randolfe. Caso o líder da oposição decida por permanecer na campanha do ex-presidente petista, o escolhido para lhe substituir será Fabiano Contarato (ES) ou Humberto Costa (PE) – ambos do PT.
Reforço para oposição
Na luta para obter maioria da CPI, um reforço importante para os oposicionistas será a bancada feminina. Assim como ocorrido na CPI da Covid, a participação das senadoras poderá contribuir para enfraquecer a ala governista da comissão. Um nome de peso que deverá atuar ativamente do colegiado é o da senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata da chamada 3ª via ao Palácio Planalto.
Ao Metrópoles, a emedebista defendeu que irá repetir o comportamento que teve durante o andamento da CPI da Covid, mesmo estando em plena campanha à Presidência. Simone, mais uma vez, entende que não será a indicada pelo partido para a missão na CPI, que deve, outra vez, ficar a cargo de Renan.
No entanto, a senadora pretende ter participação ativa no colegiado, com cadeira garantida para a bancada feminina do Senado.
“Vou participar, independente de ser indicada ou não pelo partido. Também não vou pedir porque esse é o papel que eu acho que cabe aos líderes. Mas conheço o regimento interno do Senado e sei que posso atuar, mesmo sem ser membro. Estarei atuante, estarei antenada, porque essa é a pauta da minha vida”, disse.
“Na medida que os indícios forem tomando corpo e se transformando em elementos probatórios muito fortes, que é o que eu acho que vai acontecer, estaremos atenta e atuante. Esse tipo de desvio e o orçamento secreto nada mais é que a reinvenção do mensalão e do petrolão na versão 2022”, prosseguiu.
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