CPI do 8/1: deputado apresenta notícia-crime contra coronel Lawand
Membro da CPI do 8/1, o deputado aponta potencial prática do crime de falso testemunho do coronel do Exército, depoente desta terça
atualizado
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Após prestar depoimento na CPI do 8/1 no Congresso Nacional, o coronel Jean Lawand Júnior se tornou alvo de uma denúncia-crime apresentada pelo deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA) ao Ministério Público do Distrito Federal. O militar foi questionado nesta terça-feira (27/6) e teve a veracidade das suas afirmações questionadas até mesmo pelo presidente da comissão, o deputado Arthur Maia (União-BA).
A denúncia de Duarte Júnior aponta potencial prática do crime de falso testemunho. “As mensagens enviadas pelo coronel, via WhatsApp, que tratavam de um possível golpe no país, foram distorcidas por ele mesmo durante a oitiva”, apontou o deputado, confrontando a versão de Lawand sobre a vontade de apaziguar a população.
A oitiva com Jean Lawand Júnior aconteceu porque no celular de Mauro Cid foram encontradas mensagens do militar pedindo ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro interferência para convencer o então presidente da República e as Forças Armadas a darem um golpe de estado. O coronel não aceitava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro de 2022.
Durante seu depoimento, Lawand tentou blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou o Alto Comando do Exército de qualquer relação com as mensagens de cunho golpista. Ele não foi defendido, porém, pela maioria da bancada bolsonarista da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.
“Se o intuito fosse acalmar os ânimos, as mensagens não precisariam ser tratadas de forma segura, visto que o depoente sugeriu o uso de outro telefone para conversar com o tenente-coronel Mauro Cid, sob suspeita de que estava grampeado”, acrescentou.
A notícia-crime aponta inconsistências entre o discurso apaziguador nas e as mensagens nas quais Lawand afirma estar decepcionado com a eleição de Lula. “O país estaria entregue a bandidos”, reclamou o coronel a Mauro Cid, em seguida sugerindo necessidade de bolsonaristas “resolverem a questão” diante da suposta negativa de Bolsonaro.
“Visto que há um nível de institucionalidade nas conversas, uma vez que se tratou de um diálogo de um coronel da ativa, em função relevante, conversando com o ajudante de ordens de contato direto com o Presidente da República, a fala do depoente não pode ser tratada como mera expressão de manifestação pessoal”, finalizou Duarte.
A oitiva de Jean Lawand Júnior ocorreu na condição de testemunha. Dessa forma, conforme decisão proferida pela Ministra Cármem Lúcia, é vedado faltar com a verdade.