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Houve pedido de “comissionamento” por vacina, diz vendedor da Davati

Cristiano Alberto Carvalho depõe à CPI da Covid-19 nesta quarta-feira. Ele tem um habeas corpus que lhe dá o direito de ficar em silêncio

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Cristiano Carvalho_CPI da Covid-19
1 de 1 Cristiano Carvalho_CPI da Covid-19 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A CPI da Covid-19 ouve, nesta quinta-feira (15/7), o depoimento do representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Alberto Hossri Carvalho. Este é o último compromisso oficial do colegiado antes do recesso parlamentar.

Aos senadores, Cristiano negou vínculo empregatício com a Davati e afirmou que não compactuou com nenhum tipo de propina nas negociações para compra de vacinas contra a Covid-19. “Atuei somente como um vendedor aqui no Brasil. Não compactuei com nenhum tipo de pedido de propina, não presenciei e não tenho nada para falar a respeito disso”, disse.

Acompanhe:

“Não tenho contrato. A empresa nem tem CEO nem tem representação formal aqui no Brasil. A empresa, por meio de um amigo, me pediu para intermediar a relação aqui com o Ministério da Saúde e com o senhor [policial militar Luiz Paulo] Dominguetti”.

Cristiano afirmou que Dominguetti o procurou para negociar a compra de vacinas e, na ocasião, não citou o termo “propina” ao sugerir a cobrança de valores indevidos pelos servidores da Saúde, mas “comissionamento”.

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Procurador da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, na CPI da Covid-19
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“Informação que veio a mim não foi o termo propina, foi comissionamento do tenente coronel [Marcelo Blanco] e da pessoa que tinha apresentado ele ao coronel Blanco, Odilon. Ele não citou o nome do Roberto Ferreira Dias, ele disse ‘grupo do Blanco'”.

O tenente-coronel Marcelo Blanco é assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e teve o nome citado em suposta irregularidades na compra de vacinas.

Habeas corpus

Carvalho chega ao depoimento amparado por um habeas corpus, concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que lhe permite ficar em silêncio em questões que o autoincriminem. O magistrado, todavia, negou o pedido de Carvalho para não comparecer a oitiva.

Em decisão proferida na terça-feira (13/7), Fux destacou que cabe ao depoente o direito de avaliar o que pode ou não autoincriminá-lo. Pontuou ainda que a CPI da Covid pode decidir se Carvalho abusa ou não do direito fundamental ao silêncio. Com isso, a comissão poderá adotar as providências que julgar cabíveis.

O policial militar e vendedor Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da Davati no Brasil, disse que o então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias teria lhe pedido propina de US$ 1 por dose no restaurante Vasto, no Brasília Shopping. Dias nega.

Dominguetti apresentou, contudo, diversas inconsistências no depoimento à CPI, a começar pelo vínculo com a empresa. Em determinado momento, o policial militar também tentou associar um áudio do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) a uma suposta tentativa de intermediar vacinas.

O parlamentar provou, com ato notarial, que o áudio se tratava de outro assunto e de outro momento. Posteriormente, Dominguetti recuou e afirmou que pode “ter sido induzido ao erro” por Carvalho, o depoente desta quinta.

Outro ponto que interessa aos senadores é a relação dele com o reverendo Amilton Gomes de Paula, dirigente de uma organização não governamental chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). O religioso teria sido indicado pela Davati para intermediar a negociação de vacinas com o governo.

Segundo Dominguetti, Amilton teria sido a pessoa que abriu as portas do Ministério da Saúde para ele.

Há suspeita entre senadores da comissão de que Dominguetti teria plantado a denúncia de propina para desviar o foco da CPI, no momento em que a comissão avançava sobre as suspeitas de irregularidades nas negociações da vacina Covaxin. Para os parlamentares, Carvalho pode ter alguma relação com essa suposta articulação.

“Queremos saber os objetivos dele quando contratou o senhor Dominguetti. Como Dominguetti, sendo uma pessoa tão simples e sem canais estabelecido, conseguiu ter acesso ao [ex-]secretário executivo [Elcio Franco] para tentar vender vacinas imaginárias? Queremos saber as relações dele com o pastor que estaria intermediando as vacinas. Por que é que ele estimulou o senhor Dominguetti para que concedesse entrevista à imprensa denunciando Roberto Dias, mas também viesse à CPI para defender Dias e tentar desqualificar o deputado Luis Miranda e seu irmão, que vieram fazer uma denúncia? Há muitas coisas que ele pode explicar”, destacou o senador Humberto Costa (PT-PE).

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