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CPI das Fake News: Allan dos Santos abre sigilos e depois desiste

Fundador do site Terça Livre foi ouvido em comissão. Após concordar em abrir dados bancários, jornalista bolsonarista recuou

atualizado

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Roque de Sá/Agência Senado
CPMI – Fake News – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
1 de 1 CPMI – Fake News – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O jornalista Allan dos Santos, fundador do site Terça Livre, liberou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News – mas disse no fim do depoimento que estava desistindo e só o faria com uma ordem judicial.

Ele foi instruído por uma advogada e recebeu o auxílio da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) para rever a decisão, que foi motivada por questionamentos de deputados da oposição sobre o financiamento do site de notícias que ele edita.

Santos, que admite que seu trabalho jornalístico é feito em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), foi ouvido na condição de investigado pelo colegiado na tarde desta terça-feira (05/11/2019).

Questionado logo no início da sessão se abriria seus sigilos, o depoente disse que sim. Depois, após uma conversa ao pé do ouvido com a advogada que o acompanha, tentou condicionar a abertura dos sigilos, a partir de 2018, à “apresentação de um fato”, cobrando o “ônus da prova”.

O presidente do colegiado, senador Angelo Coronel (PSD-BA), disse a parlamentares que o questionaram, porém, que a resposta do depoente autorizando seria válida. Mas a deputada brasiliense Bia Kicis (PSL) insistiu no assunto já ao fim da sessão para alegar que a quebra iria expor as pessoas físicas que fazem doações ao site Terça Livre.

Allan dos Santos concordou com a deputada do PSL e disse que não tem nada a temer, mas que diante dos argumentos, prefere esperar um possível pedido do Ministério Público e uma decisão da Justiça antes de liberar os sigilos.

Apesar de depor como investigado, o jornalista tem o direito de permanecer calado se assim preferir – o que fez em vários momentos.

O jornalista compareceu ao depoimento usando uma réplica da camiseta com a qual o presidente Bolsonaro sofreu uma tentativa de assassinato, ainda na campanha. Na camiseta, lê-se “Meu partido é o Brasil”.

O depoimento de Allan dos Santos ocorreu em clima de tensão entre parlamentares governistas (que apoiam e defendem o jornalista) e de oposição (que o cobram). Santos tem negado que seu site propague notícias falsas e diz que é perseguido por causa de suas posições políticas.

Allan dos Santos argumentou que não pode ser cobrado por informações que outras fontes produziram e que eventualmente podem se mostrar falsas – que ele só reporta.

Ele foi questionado sobre fatos específicos. A relatora da comissão, Lídice da Mata (PSB-BA), por exemplo, listou uma série de notícias publicadas pelo site Terça Livre que não seriam verdadeiras. Uma delas dá conta que o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, teria sido internado após sofrer uma overdose de cocaína.

Santos respondeu que recebeu a informação de uma fonte, que tem o direito constitucional de manter o sigilo dessa fonte e que o próprio Greenwald deveria questioná-lo judicialmente caso tenha se sentido vítima de um crime.

O jornalista também negou ter recebido dinheiro do governo federal ou de autoridades, mas admitiu que uma das prestadoras de serviço do site que ele possui também atua como assessora comissionada do deputado estadual Bruno Engler (PSL-MG).

“A jornalista Fernanda Salles trabalha no horário comercial para o deputado Bruno Engler. Aos finais de semana e fora do horário comercial, ela trabalha como freelancer no Terça Livre”, disse.

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