CPI da Covid ouve ministro da CGU após bate-boca com Aziz
Depoimento do ministro Wagner Rosário deverá tratar de acusação de prevaricação feita pelo presidente da comissão e de desvio de recursos
atualizado
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Entrando na reta final das investigações, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 ouve, nesta terça-feira (21/9), o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. O depoimento, todavia, deve ter foco diferente do motivo pelo qual ele foi convocado.
A oitiva de Rosário era uma demanda antiga de alguns senadores da comissão, sobretudo dos governistas, que queriam desviar o foco das investigações do governo federal para os estados. Contudo, o depoimento do ministro foi marcado após suspeitas de que ele teria prevaricado ao não agir a tempo no caso da vacina indiana Covaxin.
A negociação do imunizante pela Precisa Medicamentos, como intermediária do laboratório indiano Bharat Biotech, com o Ministério da Saúde está envolta em suspeitas de irregularidades. Após as denúncias virem à tona, o governo cancelou o contrato.
O lobista Marconny Ribeiro Faria, que trabalhou para a Precisa, disse, em depoimento à comissão na última quarta-feira (15/9), que a CGU realizou operação de busca e apreensão na casa dele em outubro de 2020. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), mostrou-se indignado porque, mesmo com informações, Rosário não teria impedido irregularidades no Ministério da Saúde.
O parlamentar pediu que o relator Renan Calheiros (MDB-AL) incluísse o ministro no relatório final da comissão como investigado por prevaricação. No mesmo dia, Rosário rebateu Aziz nas redes sociais, dizendo que “calúnia é crime” e que estava ansioso pela convocação.
Agora, a expectativa entre senadores da oposição será aprofundar as investigações sobre a Covaxin e entender por que Rosário não tomou providências em relação a membros do governo federal, enquanto entre os governistas a ideia é focar nos desvios de recursos federais durante a pandemia.
O requerimento do senador Eduardo Girão (Podemos-CE) destaca que a CGU enviou à CPI informações com dados analíticos de 53 operações especiais integradas pela controladoria que envolvem recursos federais destinados à pandemia de Covid-19, entre março de 2020 e abril de 2021.
“O prejuízo efetivo apurado até agora atingiu quase R$ 39,2 milhões, e o prejuízo potencial é de R$ 124,8 milhões (que decorre dos desdobramentos que afetem outros contratos e o aprofundamento da investigação). Assim, o prejuízo total pode alcançar R$ 164 milhões”, diz o documento, frisando o “vultoso prejuízo para os cofres públicos”.
Outros depoimentos
A apresentação do relatório final, prevista para ocorrer na próxima sexta-feira (24/9), foi adiada para outubro, sem data definida. A cúpula pretende realizar mais uma ou duas semanas de oitivas antes de entregar o documento. Dessa forma, os senadores querem avançar nesta semana as investigações sobre a Prevent Senior e a Covaxin.
O depoimento do médico Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior, que não compareceu à oitiva na última quinta-feira (16/9), será realizado na quarta-feira (22/9), e o do empresário Danilo Trento, sócio da Precisa, na quinta-feira (23/9).