CPI da Covid ouve ex-diretor da Saúde acusado de pedir propina
Comissão também deve quebrar os sigilos dos deputados federais Luis Miranda e Ricardo Barros, líder do governo Bolsonaro na Câmara
atualizado
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A CPI da Covid ouve, nesta quarta-feira (7/7), o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, exonerado na última quarta-feira (30/6), após ser acusado de pedir propina para a negociação de vacinas.
A acusação partiu do vendedor Luiz Paulo Dominguetti Pereira, suposto representante da Davati Medical Supply no Brasil. Dominguetti relatou ao jornal Folha de S.Paulo que Dias havia lhe pedido US$ 1 por dose para negociar imunizantes. A solicitação teria acontecido em um restaurante no Brasília Shopping, área central de Brasília. Dias nega.
Em outubro de 2020, o ex-diretor foi apontado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a uma vaga na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas teve a indicação retirada após denúncia de superfaturamento na compra de 10 milhões de kits para testes da Covid-19.
Dias é visto como uma das figuras centrais nas suspeitas de corrupção nas aquisições de vacina, visto que as negociações por imunizantes e insumos para a Covid-19 passavam por ele, inclusive a da vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.
A transação desse imunizante, que tem a Precisa Medicamentos como intermediária do laboratório indiano com o Ministério da Saúde, está envolta de suspeita de irregularidades.
Dias é servidor concursado da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Ele foi chefiado por Aberlado Lupion (DEM-PR), no governo Cida Borghetti (PP-PR) – esposa do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara. Posteriormente, Lupion indicou Dias ao Ministério da Saúde.
Ele foi nomeado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) em janeiro de 2019. Desde então, três ministros passaram pela pasta.
Deliberativa
A comissão também deve aprovar as convocações do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM), do procurador da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, e do reverendo Amilton Gomes de Paula, que dirige uma entidade chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).
Também devem ser decididas as quebras dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático dos deputados Ricardo Barros, líder do Governo na Câmara, e Luis Miranda (DEM-DF).
A comissão ouve, na quinta-feira (8/7), a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização Francieli Fantinato, que pediu exoneração no último dia 30 de junho. A ideia dos senadores é seguir no rastro das suspeitas de irregularidades nas negociações da vacina Covaxin.