CPI da Covid ouve empresário que esteve no “jantar da propina”
Ricardo Santana é apontado como lobista da Precisa e foi citado pelo ex-diretor Roberto Dias como a pessoa que lhe fazia companhia no jantar
atualizado
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 ouve, nesta quinta-feira (25/8), o empresário José Ricardo Santana, que teria participado do jantar no qual houve, supostamente, o pedido de propina de US$ 1 por dose para a compra de vacinas. Santana é apontado como lobista da Precisa Medicamentos.
O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias disse à CPI que, em 25 de fevereiro, estava com Santana no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, quando o coronel Marcelo Blanco, ex-diretor de Logística da pasta, chegou com o vendedor Luiz Paulo Dominguetti, da Davati Medical Supply. O vendedor denunciou ter recebido de Dias pedido de propina.
Roberto Dias teria ido jantar com Santana naquele dia, horas depois de assinar o contrato da Covaxin, vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech e negociada com o Ministério da Saúde tendo a Precisa como intermediária. Após as denúncias de irregularidades virem à tona, o governo suspendeu o contrato.
Santana é ex-secretário executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, órgão interministerial cuja Secretaria Executiva cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele também teve a quebra de seus sigilos aprovada na comissão.
Além de relação com Dias, o empresário teria ligação direta com Francisco Maximiano, da Precisa. Santana também teria viajado à Índia, com Maximiano, para tratar da Covaxin.
O empresário vai depor no lugar do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo, que teve o depoimento adiado.
Outros personagens
Outros participantes do jantar já prestaram depoimento à CPI. Dias foi preso durante depoimento por falso testemunho. Ele foi detido e prestou depoimento na Polícia Legislativa do Senado. Após cerca de 5 horas, pagou fiança de R$ 1,1 mil e foi liberado para responder em liberdade. Dominguetti e Blanco também se apresentaram à comissão.
Maximiano, que é uma das figuras centrais das negociações da Covaxin, também se apresentou à CPI, porém, amparado por um habeas corpus que lhe concedia o direito ao silêncio, calou-se durante a oitiva.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), incluiu, nessa quarta-feira (25/8), Maximiano e Dias no rol de investigados pela comissão.