CPI da Covid: ONG de reverendo tentou vender vacinas para municípios
Mesmo confrontado com prints de e-mails da instituição que preside, Amilton de Paula negou ter negociado com governos estaduais e municipais
atualizado
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Trocas de e-mail entre o reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), e associações indicam atuação da entidade, que não deveria ter fins lucrativos, na tentativa de venda de vacinas contra Covid-19 a municípios e estados brasileiros.
Enviadas a prefeituras e associações locais, as mensagens sinalizam o interesse da Senah em comercializar doses que seriam do imunizante AstraZeneca. A mesma vacina foi oferecida pela instituição ao Ministério da Saúde, por meio da Davati Medical Supply.
Em todas as tratativas, o reverendo intermediou a comunicação entre a empresa norte-americana e o governo brasileiro. A informação foi trazida ao colegiado por Cristiano Carvalho, procurador da Davati no Brasil.
Carvalho disse aos senadores que a Senah iniciou tratativas com “muitas prefeituras do Brasil inteiro” e que, após a atuação da ONG, governos estaduais também passaram a procurar a associação. Mesmo confrontado com prints de e-mails da própria entidade, Amilton de Paula negou que tenha negociado com governos estaduais e municipais.
“Senador, eu desconheço, assim, essa amplitude aonde nós chegamos com governadores, com prefeitos ou prefeituras. Eu desconheço. Eu não conversei com nenhum governador, eu não conversei com nenhum prefeito, eu não conversei com nenhum município”, deckariy.
Após pressão do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o reverendo admitiu “as demandas”. “Houve, sim, essas demandas, como a carta de encaminhamento da Davati. Quem fez isso foi o Renato Gabbi. Eles têm acesso ao próprio e-mail da presidência”, confirmou.