CPI convoca reverendo autorizado pela Saúde a negociar vacinas
Amilton Gomes de Paula foi autorizado pela pasta e atuou na negociação de 400 milhões de doses da AstraZeneca
atualizado
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A CPI da Covid aprovou, nesta quarta-feira (7/7), a convocação do reverendo Amilton Gomes de Paula a negociação de 400 milhões de doses da AstraZeneca em nome do governo brasileiro. Ele foi autorizado pelo diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz.
A informação foi noticiada pelo Jornal Nacional, no último sábado (3/7). O requerimento de convocação é de autoria do senador e vice-presidente do colegiado Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Amilton é também presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) e deveria negociar as doses com a empresa Davati Medical Supply, intermediaria da compra no país.
Segundo Randolfe, no dia 4 de março, o reverendo postou fotos em uma rede social de uma reunião no Ministério da Saúde. Cruz está nas fotos.
Na postagem, o Amilton escreveu: “Senah faz reunião no ministério para articulação mundial em busca de vacinas e para a consecução de uma grande quantidade dos imunizantes a ser disponibilizada no Brasil”.
Ainda de acordo com o vice-presidente, cinco dias depois, Cruz envia um e-mail endereçado a Herman Cardenas, presidente da Davati nos Estados Unidos.
“Informo que o Instituto Nacional de Assuntos Humanitários, representado pelo seu presidente Amilton Gomes, esteve no Ministério da Saúde em agenda oficial da Secretaria de Vigilância em Saúde e no Departamento de Logística com a discussão sobre as tratativas sobre a vacina da AstraZeneca e que o mesmo foi encaminhado para a Secretaria Executiva do Ministério da Saúde”, diz a mensagem.
Na mensagem, o diretor da pasta reforça que a Senah tinha aval para negociar a compra de vacinas com a Davati. “Por fim, esperamos que os avanços de forma humanitária entre o Ministério e AstraZeneca pelo Instituto Nacional de Assuntos Humanitários”, disse.
Outros e-mails
Em outra troca de e-mails, o reverendo agradece ao presidente da Davati nos Estados Unidos pela “confiança depositada”.
“Eu cordialmente venho agradecer pela confiança depositada em nossa instituição em conduzir negociações com o Ministério da Saúde do Brasil. As negociações estão em estágio final e a expectativa é que o contrato seja assinado em 12 de março de 2021”, disse.
Outro ponto que chamou atenção dos senadores na troca de e-mails é o valor das vacinas negociadas. Segundo a reportagem do Jornal Nacional, é de US$ 17,50, três vezes mais do que o Ministério da Saúde pagou em janeiro a um laboratório indiano.
O valor também é bem maior do que o mencionado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se identifica como intermediário entre a Davati e o Ministério da Saúde na mesma negociação de 400 milhões de doses. Ele informou na semana passada a esta CPI que o valor da vacina vendida era de US$ 3,50.