CPI antecipa depoimento de motoboy da VTClog que sacou R$ 4 milhões
Com mudança, depoimento de ex-secretário de Saúde do DF Francisco Araújo foi adiado para a próxima quinta-feira (2/9)
atualizado
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A CPI da Covid-19 promoveu mudanças na agenda de depoimentos para a próxima semana. As oitivas são destinadas a escutar o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo; o presidente da Rede Brasil de Televisão, Marcos Tolentino; e Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy que sacou R$ 4,7 milhões para a empresa VTClog.
Nesta quinta-feira (26/8), o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que antecipará, para a próxima terça (31/8), a oitiva com o motoboy da empresa que presta serviços de logística para o Ministério da Saúde. A CPI também pediu proteção de garantia de vida à Polícia Federal para ele.
Ivanildo realizou saques milionários no nome da empresa. Segundo Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a VTClog movimentou R$ 117 milhões nos últimos dois anos. O elevado montante é tido como suspeito pelos senadores que integram o colegiado.
O documento aponta que Ivanildo teve atuação direta na movimentação dos valores.
“Ele chegou a sacar, em diversos momentos, o montante de R$ 4.743.693. A maioria foi de saques em espécie e na boca do caixa”, explicou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
“Apesar de pilotar sua moto em alta velocidade, mais veloz foi o Coaf, que detectou a movimentação atípica e encaminhou o relatório para a CPI da Covid. No item ‘E’ da análise, sob a rubrica ‘ocorrência’, o documento revela: ‘Realização de operações em que não seja possível identificar o destinatário final’”, continuou.
Outras oitivas
Após ouvir o funcionário da VTClog, a CPI espera colher, na quarta-feira (1º/9), o depoimento de Marcos Tolentino.
O empresário é amigo do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e apontado como verdadeiro proprietário da Fib Bank. A empresa foi usada pela Precisa Medicamentos, intermediadora da venda da vacina indiana Covaxin, para oferecer uma “carta de fiança” ao Ministério da Saúde.
Com as alterações, os trabalhos da semana se encerraram com o depoimento do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo, adiado para quinta-feira (2/9). Ele terá que esclarecer o envolvimento da pasta distrital com a Precisa Medicamentos. A empresa é investigada na operação Falso Negativo, que resultou na prisão de integrantes da cúpula da Saúde do DF.
As investigações apontam que a empresa, também alvo das investigações da CPI, vendeu aproximadamente 150 mil testes de Covid-19 a um valor de quase R$ 21 milhões. A suspeita é que a compra tenha sido superfaturada, visto que a marca dos kits entregues ainda no ano passado para a Secretaria de Saúde foi diferente da acordada em contratos.
CPI quer ouvir Hang
Após os depoimentos da próxima semana, a CPI deve marcar uma data para oitiva destinada a ouvir o empresário Luciano Hang, proprietário da Havan. Durante as investigações, o nome de Hang foi citado por vários depoentes como representante do setor privado com grande atuação e bom trânsito no Ministério da Saúde.
Amigo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Hang também é apontado como membro do chamado “gabinete paralelo“.
O grupo teria aconselhado, informalmente, o mandatário do país nas medidas de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, como na defesa de medicamentos ineficazes contra Covid-19, relativização da eficácia de aparatos de proteção, isolamento social e até das vacinas contra o novo coronavírus.